EUA: Líderes do Senado não obtêm acordo orçamentário

Os líderes democratas e republicanos no Senado dos Estados Unidos não conseguiram alcançar um acordo neste domingo para evitar um calote da dívida norte-americana e pôr fim a um impasse fiscal entre governo e oposição prestes a entrar em sua terceira semana. A situação motivou protestos hoje em Washington e uma advertência da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.

Depois de uma série de contatos sem resultados entre o presidente Barack Obama e republicanos na Câmara dos Representantes, os líderes da maioria e da minoria no Senado, o democrata Harry Reid e o republicano Mitch McConnell, tentaram superar as divergências entre os dois partidos, mas os contatos terminaram sem uma solução imediata.

“Os norte-americanos querem que o Congresso chegue a um acordo”, declarou Reid na abertura de uma rara sessão dominical no Senado, ao se completarem 13 dias de fechamento do governo.

Reid abriu a sessão de hoje dirigindo duras críticas aos republicanos, mas afirmou que negociava com McConnell uma saída para reabrir o governo e elevar o teto da dívida.

Ao criticar os republicanos, Reid acusou-os de irresponsabilidade fiscal em gestões anteriores e de terem bloqueado ontem o projeto de lei democrata para a elevação do teto da dívida. A seguir, declarou-se “confiante e esperançoso” em um acordo.

Reid disse que ele e McConnell estavam negociando uma solução afirmou estar fazendo tudo o que está a seu alcance para desfazer o impasse. Ele também desmentiu acusações de congressistas republicanos de que estaria tentando elevar os limites de gastos implementados na Lei de Orçamento de 2011.

McConnell, por sua vez, insistiu em que a solução estaria ao alcance, baseado num proposta elaborada por um grupo bipartidário encabeçado pela republicana Susan Collins e pelo democrata Joe Manchin, mas o diálogo terminou sem acordo.

Os republicanos querem um corte de gastos de US$ 986,7 milhões sem mexer nos cortes automáticos de US$ 967 milhões. Os democratas buscam meios de evitar esses cortes, reabrir o governo e também obter um aumento do limite de endividamento.

Também neste domingo, Obama telefonou para a líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi, e enfatizou a necessidade de se aumentar o limite da dívida sem concessões aos republicanos.

Enquanto isso, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, advertiu neste domingo contra cortes muito drásticos de gastos públicos nos Estados Unidos. Em entrevista à emissora de televisão NBC, ela alertou que cortes muito profundos poderão afetar a frágil recuperação econômica global.

“O importante é não provocar uma contração econômica com um corte muito brutal de gastos agora, em um momento no qual a recuperação começa a engrenar”, ponderou ela. “O ritmo da consolidação precisa ser sensível, de maneira a preserva um crescimento que gera empregos e ajuda de todas as maneiras”, defendeu Lagarde.

Em Washington, milhares de pessoas convergiram hoje à Casa Branca e a vários dos mais conhecidos monumentos da capital dos EUA em protesto contra o impasse bipartidário que levou à paralisação do governo federal.

No Memorial à Segunda Guerra Mundial e no Memorial Lincoln, os manifestantes removeram as barreiras de proteção. Foi a primeira vez desde 1º de outubro que pessoas comuns entraram nesses locais.

A polícia observou sem reagir e não há notícia de repressão aos manifestantes até o momento. Horas, depois as forças de segurança conseguiram reerguer as barreiras que impediam o acesso aos monumentos.

Os protestos foram convocados em meio à indignação de setores mais conservadores da sociedade norte-americana com cenas de veteranos de guerra impedidos de visitar monumentos construídos em sua homenagem na capital do país.

A Estátua da Liberdade, por sua vez, foi reaberta a visitação neste domingo depois de o governo do Estado de Nova York ter aceitado financiar o funcionamento do local, que passou os últimos dias fechado por causa da paralisação do governo federal norte-americano.

Ao longo do dia, turistas ansiosos fizeram fila no Battery Park, em Manhattan, à espera das balsas que levam à ilha onde fica o monumento. A visitação à Estátua da Liberdade estava suspensa desde 1º de outubro.

Na sexta-feira, o governador Andrew Cuomo anunciou que o Estado de Nova York arcaria com as despesas operacionais do parque, estimadas em US$ 61.600 por dia, a partir de 17 de outubro. Segundo ele, é do interesse econômico do Estado manter a visitação à Estátua da Liberdade aberta. Fontes: Associated Press, Dow Jones Newswires e Market News International.