EUA anunciam redução dos subsídios agrícolas

São Paulo  – Citando os “fundamentos injustos no comércio mundial agrícola”, o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Zoellick, anunciou ontem um amplo pacote que reduziria os subsídios à exportação e as tarifas de importação em todo o mundo. Falando durante uma teleconferência, de Washington, nos EUA, Zoellick explicou resumidamente o plano aos repórteres, enquanto a secretária de Agricultura dos EUA, Ann Veneman, fazia o mesmo em um encontro no Japão.

O plano visa a abrir os mercados mundiais agrícolas para uma “competição justa”, disse Zoellick, completando que o mesmo deve ser apresentado na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) na semana que vem. De forma geral, o pacote reduziria bastante os subsídios à exportação. Segundo Zoellick, a tarifa média agrícola é de 62%, o que deixa os países mais pobres em desvantagem.

“A iniciativa iria corrigir as injustiças da alta proteção, dos subsídios à exportação e dos subsídios que distorcem o comércio agrícola”, disse Zoellick. A proposta tem três princípios: nivelar o campo de atuação; trabalhar em direção da eliminação da barreiras ao comércio agrícola; fazer o mercado crescer para um comércio agrícola mundial, de forma que produtores e consumidores sejam beneficiados.

Os Estados Unidos estão propondo eliminar todos os subsídios à exportação dentro de cinco anos. A proposta também sugere a “drástica redução da média de tarifa agrícola de 62% para 15% globalmente, com um limite de tarifas em 25%”, afirmou Zoellick. Além disso, os EUA estão propondo a redução dos subsídios que distorcem o comércio em mais de US$ 100 bilhões, estipulando um teto de 5% da produção total. No curto prazo, as medidas iriam reduzir as amplas diferenças na questão da abertura de mercados. No longo prazo, os EUA querem eliminar as barreiras ao comércio agrícola. Segundo Zoellick, a rodada do Uruguai apenas deu início ao processo e este é o próximo passo em direção de um volume menor de restrições comerciais.

Safra de 99,3 milhões de toneladas

Rio

(AE) – Ainda não será neste ano que a safra agrícola atingirá as tão esperadas 100 milhões de toneladas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem a estimativa de junho da safra 2002, que projeta uma colheita de 99,3 milhões de toneladas, resultado 0,77% superior às 98,836 milhões de toneladas da safra anterior. “A safra está praticamente definida e não chegará a 100 milhões”, garantiu o chefe do departamento de agropecuária do instituto, Carlos Alberto Lauria.

Os números, segundo Lauria, terão apenas “ajustes técnicos” a partir de agora, já que poderão ocorrer “pequenas mudanças” nas estimativas do trigo (4,3 milhões de toneladas) e do milho em grão 2.ª safra (6,7 milhões de toneladas). Lauria explicou que as reduções na colheita estimada do milho 1.ª safra (-15,9% ante a safra passada) e do algodão (-13,5%) foram os principais fatores responsáveis pelo fato de o País não alcançar ainda neste ano a colheita de 100 milhões. “Se esses produtos tivessem uma performance melhor, teríamos chegado lá”, afirmouLauria afirmou também que o Brasil tem plenas condições de elevar a colheita nas próximas safras, mais pelo incremento da tecnologia de produção do que pelo aumento da área plantada, cuja expansão praticamente poderá ocorrer apenas pelo cerrado, especialmente na Bahia e no sul dos estados do Piauí e Maranhão.

O IBGE divulgará mensalmente novas estimativas de safra até a confirmação final da colheita, no início do próximo ano. Mas as mudanças nos números, a partir de agora, vão se resumir a pequenos ajustes. Os resultados da pesquisa de junho foram mais otimistas do que os de maio, que apontavam uma safra de 98,836 milhões de toneladas. O crescimento na estimativa do IBGE ocorreu devido ao aumento, de um mês para o outro, nas projeções para o feijão em grão terceira safra (2,10%) e o trigo em grão (6,26%). O crescimento do feijão deverá ocorrer nos estados do Paraná, Goiás e Distrito Federal. No caso do trigo, a variação positiva ocorrerá essencialmente nos estados da região Sul.

Estoques

O IBGE divulgou ainda os resultados da pesquisa de estoques do segundo semestre do ano passado, que aponta uma queda de 0,61% no número de estabelecimentos ativos, na comparação com os existentes em 31 de dezembro de 2000. No final do segundo semestre do ano passado, a rede contava com cerca de 8,7 mil estabelecimentos ativos dos quais a maior parte encontrava-se na Região Sul (43,6%), seguido da Região Sudeste (26,5%), Centro-Oeste (16,9%), Nordeste (9,9%) e Norte (3,2%).

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