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Em agosto, plano 1 da Previ obteve superávit de R$ 2,531 bi, diz Genso

O plano de benefício definido do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ) registrou superávit acumulado até agosto de R$ 2,531 bilhões, informou nesta terça-feira, 13, o presidente da fundação, Gueitiro Matsuo Genso.

De acordo com ele, há chances de não haver necessidade de acionar contribuições extras do patrocinador (Banco do Brasil) e dos participantes para cobrir o déficit do ano passado, caso os ativos continuem se valorizando até o fim do ano. No entanto, a Previ prepara, junto com o órgão supervisor, o chamado plano de equacionamento para cobrir parcela do rombo de R$ 16,1 bilhões registrado pelo Plano de Benefícios 1 – o maior do País – em 2015.

Pela nova regra em vigor, o valor que patrocinadores e participantes são obrigados a desembolsar é calculado tendo por base apenas o que ultrapassar o limite do déficit. No caso do plano BD da Previ, esse valor é de R$ 2,9 bilhões. Corresponde ao que faltaria para o PB 1 pagar todos os benefícios previstos até o seu último participante vivo nas próximas décadas. São quase 24 mil participantes ativos e 92 mil recebendo benefícios (aposentados e pensionistas).

Nos últimos dois anos, o resultado do plano caiu de um superávit acumulado de R$ 25 bilhões em 2013 para um resultado positivo de R$ 12,5 bilhões em 2014.

De acordo com o presidente da Previ, a rentabilidade do plano de benefício definido fechou agosto em 12,64%, acima da mínima necessária para garantir a sustentabilidade do plano (9,6%). No Plano Novo, de contribuição variável, o retorno foi ainda maior, de 18,14%.

Questão conjuntural

“Esses resultados mostram que o que levou ao déficit de 2015 são questões conjunturais, não está ligado a mal feitos”, disse Genso, no congresso anual dos fundos de pensão, em Florianópolis. Segundo ele, o rombo do ano passado está atrelado ao desempenho das ações na BM&FBovespa e de títulos públicos prefixados. O índice Bovespa subiu de 43 mil postos no fim de dezembro para 59 mil pontos em agosto.

No entanto, o cálculo deste ano não inclui variações dos papéis da mineradora Vale, um dos maiores investimentos da Previ. O fundo de pensão tem 15,61% de participação direta e indireta na mineradora. Em 2015, a Vale foi a empresa que mais perdeu valor de mercado no país.

Operação Greenfield

Genso disse que a Previ tem uma governança de investimentos sólida, com critérios rigorosos. Ele defendeu os investimentos citados na Operação Greenfield, da Polícia Federal, que apura prejuízos da ordem de R$ 8 bilhões nos quatro maiores fundos patrocinados por estatais, além da Previ, Funcef (Caixa), Petros (Petrobras) e Postalis (Correios). O presidente da Previ disse que os investimentos eram justificáveis no momento em que foram feitos.

Citou o caso da Sete Brasil, empresa criada para construir e operar sondas de exploração do pré-sal para a Petrobras, mas que entrou em recuperação judicial no lastro das investigações da Operação Lava Jato. A Previ aportou R$ 180 milhões inicialmente, sendo sócia com 9,9%, junto com Bradesco e Santander, além de Funcef e Petros. Quando houve necessidade de aumento de capital, a área técnica não recomendou novo aporte e a participação da Previ no fundo foi diluída para 2,3%, o que evitou perdas maiores.

No caso da Invepar, a Previ diz que a empresa vem sofrendo com a recessão econômica e o menor tráfego de carros e caminhões pelas rodovias e menos pessoas viajando de avião (a empresa tem a concessão do aeroporto de Guarulhos). No entanto, o retorno do investimento para a Previ representa 161,4% acima da taxa atuarial.

Sobre o fundo Global Equity, também investigado pela Operação Greenfield, Genso diz que a Previ liberou o processo de substituição do gestor – do Citibank para o Santander – e está adotando medidas para reaver os R$ 82 milhões investidos no fundo com carteira destinada a construção de imóveis residenciais e comerciais.

“Não temos perda com investimentos feitos por bancos sob intervenção do Banco Central nem com títulos da Venezuela”, provocou Genso. Ele se refere a dois tipos de investimentos considerados temerários e até fraudulentos por outros dois fundos de pensão patrocinados por estatais. A Petros comprou cotas de fundos geridos pelo BVA, liquidado pelo BC em 2013. O Postalis comprou papéis lastreados da dívida da Venezuela.

Investimentos

A Previ poderá fazer algum investimento em concessões, se a taxa fizer sentido diante da meta atuarial da fundação e se o risco foi admissível, recebendo aval do comitê de investimento da Previ. “Nossa missão é garantir o pagamento de benefícios aos associados”, diz o presidente da fundação, Gueitiro Matsuo Genso, em entrevista a Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Genso afirmou que as fundações precisarão buscar novos investimentos a partir do momento em que os títulos públicos não pagarem mais taxas que correspondam às metas atuariais. “É preciso um mercado de capitais mais robusto. Não tendo oportunidade de título público com pagamento acima de 5% (+ IPCA) não temos problema para investir em um prazo maior, desde que tenha um baixo risco e pague acima da meta atuarial”, destaca.

O presidente da Previ disse que, com um pano de fundo de juros mais baixos, os desafios de investimento crescem. “Ao longo dos anos será um grande desafio investir, mas com investimentos que atendam a nossa política de investimento”, frisa.

Com o maior e mais antigo fundo da Previ, o Plano 1, com ativos totais de R$ 159,6 bilhões já maduro, os investimentos a serem realizados precisam atender à necessidade de garantia de fluxo de saída, ou seja, liquidez para a realização dos pagamentos. De um total de 115.456 participantes deste plano, os ativos somam apenas 19.029.

“Nossa próxima política de investimento passará por planejamento de desinvestimento, mas não há pressa”, destaca. Neste sentido, Genso afirmou que a Previ está inclinada a vender sua fatia na CPFL à chinesa State Grid.

CPFL

A Previ está inclinada a vender a fatia de 29,4% que detém na CPFL Energia, disse ao Broadcast o presidente da fundação, Gueitiro Matsuo Genso. A fundação tem até meados de outubro para aceitar a oferta da chinesa State Grid, que no início deste mês assinou a compra da participação até então detida pela Camargo Corrêa.

A Camargo Corrêa S.A. vendeu à State Grid sua fatia de 23,6% na CPFL Energia ao preço de R$ 25,00 por ação, mais ações da CPFL Energias Renováveis, em que a distribuidora possui 51,6% de participação, totalizando cerca de R$ 6 bilhões. Depois disso, a chinesa estendeu a proposta aos demais acionistas do bloco de controle, que além da Previ inclui a Bonaire Participações (que reúne Petros, Fundação Cesp, Sistel e Sabesprev), com 15,1%.

Nesse prazo de 30 dias, os acionistas deverão decidir se exercerão o direito de preferência ou de venda conjunta, o chamado tag along, no jargão do mercado. Caso um acionista aceite, o mecanismo de tag along será acionado e a proposta deverá ser novamente estendida, desta vez aos acionistas minoritários por meio de oferta pública de aquisição de ações (OPA), o que na prática poderá levar ao fechamento de capital da CPFL.

“A venda da CPFL é uma oportunidade, as discussões internas estão em curso e há uma inclinação para vender”, afirma o presidente da Previ, salientando que esse poderá não ser o único desinvestimento a ser realizado pela fundação.

No entanto, com a atenção voltada para os efeitos que a saída da Previ tem no mercado, com mais de R$ 70 bilhões em renda variável, não será realizado nenhum movimento abrupto, mas a atenção seguirá voltada para oportunidades. “Iremos analisar com calma os movimentos de desinvestimento”, frisa.

A maior exposição da Previ em renda variável é na mineradora Vale, mas o fundo ainda possui presença em Ambev, BRF, Banco do Brasil e Petrobras.

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