Dólar volta a cair e fecha de novo abaixo de R$ 2,70

O dólar fechou em queda de 0,84%, ontem, vendido a R$ 2,699, o menor valor desde o registrado no último dia 3 (R$ 2,675). Foi a maior baixa percentual das últimas duas semanas. A moeda americana não recuava tanto em um único dia desde o dia 29 de dezembro, quando caiu 0,85%.

Dois fatores favoreceram a queda das cotações: a melhora da perspectiva da nota de crédito ("rating") do Brasil pela agência de classificação de risco Moody?s e a desvalorização do dólar no mercado internacional após a divulgação do déficit comercial dos EUA em novembro, que veio acima do esperado pelos economistas.

O risco Brasil desabou mais de 4% após o anúncio da Moody?s, que elevou a perspectiva de "estável" para "positiva", o que significa, na prática, chance maior de melhora de avaliação no curto prazo.

No final da manhã, o Banco Central fez uma intervenção no mercado de câmbio, no momento em que o dólar ameaçava ficar abaixo do patamar de R$ 2,70. Após o leilão do BC – que comprou mais de US$ 200 milhões em divisas por taxa máxima de R$ 2,706, segundo operadores -, a moeda dos EUA chegou a reduzir o ritmo de baixa, mas voltou a recuar forte depois do comunicado da Moody?s.

"Uma melhora do rating tende a aumentar a demanda dos investidores estrangeiros por títulos brasileiros", disse José Carlos Benites, da mesa de câmbio da corretora Moeda.

"Déficits gêmeos"

No mercado internacional, a desvalorização do dólar se acentuou após ser divulgado que, em novembro, o déficit comercial (importações superiores às exportações) dos EUA somou valor recorde de US$ 60,3 bilhões, acima das expectativas (US$ 54 bilhões).

Atualmente, uma das principais preocupações dos investidores é com o aumento expressivo dos chamados "déficits gêmeos" dos EUA (fiscal e em conta corrente, no qual entra a balança comercial).

Dólar fraco e juros

Desde setembro passado, o dólar perde valor frente ao euro em reação aos enormes desequilíbrios da economia americana. Desde a semana passada, o mercado especula se o juro americano vai subir de forma agressiva nos próximos meses.

Uma alta abrupta do juro pode inibir a demanda doméstica, reduzir importações e atrair capital externo, mas traz o risco de arrastar a economia mundial para uma recessão, alertam analistas.

Se os juros pagos pelos títulos americanos subirem, os papéis de países emergentes podem perder a atratividade. Um maior fluxo de capital estrangeiro rumo aos títulos americanos pode aliviar os déficits dos EUA.

Previsão

A mais recente projeção do mercado para o câmbio, divulgada na última segunda-feira no boletim Focus, aponta o dólar a R$ 2,73 no fim deste mês e a R$ 2,95 no final do ano.

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