Diária de caminhoneiros ainda está indefinida

A imensa fila de caminhões parada ao longo da BR-277 à espera para descarregar no Porto de Paranaguá está provocando prejuízo e perigo aos caminhoneiros. A afirmação é do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Paraná (Sindicam-PR), que realizou ontem uma reunião com o diretor técnico do Porto de Paranaguá, Ogarito Bogias com objetivo de solucionar os problemas. Segundo o presidente da Sindicam-PR, Diumar Bueno, os caminhoneiros chegam a ficar até três dias nas filas sem poder descansar, sujeitos a atropelamentos, assaltos e ainda não conseguem fazer novos carregamentos devido à espera na fila.

Na reunião foram discutidos temas como a criação de um cronograma de carregamento de grãos de acordo com a capacidade de operação do porto, aumento do efetivo de policiais ao longo da rodovia, disponibilização de sanitários ao longo da fila e ainda a definição do valor diário pago aos caminhoneiros que ficarem duas horas parados depois da praça do pedágio da rodovia. “O valor pago pelas operadoras que estão embarcando a soja ao caminhoneiros é de 0,25 toneladas/hora, mas a pretensão é de que este valor aumente. Está definição será concretizada nesta próxima quarta-feira”, diz Bueno.

Mais duas reuniões ocorridas no Porto de Paranaguá na tarde de ontem definiram a programação de atracação de navios e a descarga de caminhões para cada terminal nos próximos dias. No primeiro encontro, dirigentes da Appa e representantes de terminais que operam no Porto definiram quais empresas serão responsáveis pelo carregamento dos navios que estão programados para atracar, além de quais embarcações receberão a carga. A segunda reunião serviu para definir a cota de caminhões que deverão descarregar em cada terminal graneleiro. Os encontros estão sendo diários e buscam organizar o recebimento, a armazenagem e a exportação da safra de grãos.

No final da tarde de ontem a fila de caminhões estava no Km 45 da BR 277, com o tráfego fluindo normalmente. Já no Pátio de Triagem do Porto de Paranaguá, mais de 600 caminhões estavam esperando para descarregar o produto. Em virtude da forte chuva que caiu ontem sobre Paranaguá, o carregamento dos navios ficaram prejudicado por algumas horas, mas a descarga dos caminhões nos armazéns permaneceu normal, assim como a liberação dos veículos no Pátio de Triagem.

Cada navio atracado no Corredor de Exportação recebe 1.200 toneladas por hora. Ontem, dia 7, no complexo soja, 1 navio com capacidade para 57 mil toneladas e dois com capacidade de embarque para 59 mil toneladas estavam atracados no Porto para embarque de grão. Outra embarcação para farelo, com capacidade de 31,5 mil toneladas também estava operando. Ao largo do Porto de Paranaguá 10 navios (sendo 5 para farelo e 5 para soja) aguardam para atracar, num total de mais de 350 mil toneladas. Outros 7 navios estão sendo esperados para atracar nas próximas 48 horas – 5 de soja e 2 de farelo, num total de 344.350. A média de embarque dos navios é de dois dias.

Filas sem solução imediata

Brasília

(AE) – Não existem soluções rápidas para acabar com as filas quilométricas de caminhões carregados de soja que se dirigem ao Porto de Paranaguá, no Paraná. Segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Carlos Alberto Nóbrega, são necessários investimentos em ferrovias para reduzir o número de caminhões, e o incremento da capacidade de embarque do produto em Paranaguá, além do aumento da participação de outros portos do País na exportação do produto.

“O porto de Paranaguá é o mais importante e eficiente do País para o escoamento de soja?, explica Nóbrega. Com isso, lembra, o porto reúne boa parte da produção nacional. ?É preciso diversificar; existem opções de portos próximos para escoamento do produto”, diz o diretor da Antaq, citando o porto de São Francisco, em Santa Catarina, e Santos, em São Paulo.

Ele ressalta que as medidas para acabar com o problema demandam um esforço conjunto da iniciativa privada e dos governos federal e do Paraná, que é reponsável pela administração de Paranaguá. “As soluções não são baratas e levam tempo para se implementar”, avisa, ressaltando que esse ano a fila se agravou por estar ocorrendo a maior safra de soja do País e a concentração de contratos de exportação em um mesmo período.

Além das questões relacionadas com o transporte da soja até o porto, diz o diretor da Antaq, seriam necessários investimentos dentro da própria área portuária. Ele cita o aumento dos estacionamentos, que podem ajudar a reduzir as filas de caminhões nas estradas, mas também a construção de mais locais de atracamento, para reduzir as filas de navios que aguardam um momento para embarcar.

Nóbrega não acredita que a chuva, que impede em alguns momentos o embarque da soja nos porões dos navios, seja o principal problema do porto. ?Se o produto molhar, pode criar fungos e estragar, por isso, o embarque é interrompido?, diz o diretor da Antaq. “Mas esse não é o ?xis? da questão.? Segundo ele, seria possível implantar algum tipo de cobertura que permitiria colocar a soja dentro do navio.

Carga On Line

A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) destacou ontem que o sucesso do sistema Carga On Line, criado em 2001 para organizar o escoamento da safra pelo Porto de Paranaguá, depende de vários fatores, entre eles, do comprometimento de todos os usuários em executar o processo de forma a assegurar a organização do transporte, desde a origem (produtor) até seu destino (porto).

O Carga On Line propõe o cadastramento dos caminhões na sua origem e a liberação de uma pré-senha pelo terminal onde a carga será depositada. Junto com a senha, o caminhoneiro fica sabendo uma previsão de quando poderá descarregar no terminal que contratou a carga e até mesmo quanto tempo permanecerá na fila.

Na chegada ao Pátio de Triagem a pré-senha é efetivada e transforma-se na senha de descarga, agilizando o processo de cadastramento e triagem, reduzindo o tempo do caminhão no Pátio.

Este processo considera o registro on line feito pelo terminal sobre a programação dos navios que serão embarcados, da capacidade de armazenagem disponível e os contratos que são fechados durante determinado período. É através desta programação que exportadores, caminhoneiros e Porto de Paranaguá podem saber com antecedência o potencial de recebimento, armazenagem e escoamento da carga, e também para que possam se preparar para todo este processo.

Além de toda organização, o Porto de Paranaguá defende a imediata ampliação do Pátio de Triagem para acomodamento de maior número de veículos e do cais em direção a Oeste em mais 820 metros, incrementando em cerca de 40% o volume de operações.

De acordo com estimativas da Appa, do total de empresas que atuam junto ao Porto de Paranaguá 70% possuem estrutura de planejamento logístico integrado. Com a participação de todos no Carga On Line, conclui o levantamento da Appa, é possível centralizar informações, programar a movimentação das cargas e, a longo prazo, a certeza da diminuição das filas de caminhões.

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