Cooperativas se unem para enfrentar período de crise

O problema da falta de crédito continua forte, mas o momento é de trabalho. Esta foi uma das conclusões do último fórum de presidentes de cooperativas, realizado ontem, em Curitiba.

Entre outros assuntos, os dirigentes chegaram à conclusão de que a crise econômica mundial já traz menos consequências que a provocada pelas recentes estiagens, e decidiram intensificar as ações integradas entre cooperativas, de forma a fortalecer ainda mais o setor.

“Todos sabemos que a crise existe e que afetou o setor primário, mas não vai ser isso que irá nos inibir. Não dá para ficar lamentando, temos que trabalhar”, afirmou o superintendente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Sistema Ocepar), José Roberto Ricken. Para ele, a crise ainda exige uma “dose profunda de realismo”, acompanhada de ações como redução de custos e adequação de estruturas. “Sabemos que o ano é e vai ser difícil. Mas o setor é sólido e tem boas propostas”, disse.

Quanto às ações conjuntas, Ricken afirma que sempre existiram, mas que a tendência é que se tornem mais intensas agora. Contudo, na opinião dele, a intercooperação sozinha não ajuda a contornar a falta de crédito de origem externa. “Continuamos com problemas nessa área. Mas o governo adotou medidas, então temos que fazer as coisas acontecerem”, destacou.

O presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, declarou, através de um comunicado da assessoria de imprensa da entidade, que para ter seu crescimento acelerado, o cooperativismo paranaense precisa fazer conciliações, parcerias, investir e até “abrir mão de determinadas coisas”.

Crédito

A dificuldade de crédito, para os dirigentes, não se restringe às cooperativas agropecuárias, mas também as próprias cooperativas de crédito, que repassam recursos de agentes oficiais aos cooperados.

Segundo o presidente da cooperativa de crédito Sicredi Costa Oeste, Adolfo Freitag, os bancos estão com menos dinheiro para repassar aos agricultores. A estiagem, para ele, também afetou bastante a área de atuação da cooperativa. Mesmo assim, ele prevê crescimento este ano.

O presidente da Cooperativa Agroindustrial Lar, Irineo Rodrigues da Costa, apontou ainda que os bancos têm feito mais exigências ao emprestar. Já o presidente da Corol, Eliseu de Paula, confirmou a falta de recursos para capital de giro, e concordou que o momento é de buscar soluções e enxugar supérfluos.

Por outro lado, o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, declarou que a cooperativa não sentiu a crise econômica, apesar de indicar que, no mercado externo, as companhias reduziram a compra de grandes volumes.

Ele apontou, no entanto, que as secas das lavouras de verão de inverno vão afetar os cooperados – alguns chegaram a perder até 90% da produção. Prorrogações de pagamentos e prazo de safra são algumas das soluções da cooperativa, segundo ele, para o problema.