Construção civil amarga queda de 44% em Curitiba

Curitiba deve fechar o ano com produção imobiliária de 700 mil metros quadrados, uma redução de 44% sobre o total do ano passado (1.254.76 metros quadrados). A projeção apresentada ontem pelo presidente do Sinduscon/PR (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná), Ramon Andres Doria, se baseia na queda de 55% registrada no volume de unidades concluídas nos dez primeiros meses do ano (499.738 metros quadrados) em relação ao mesmo período de 2001 (1.104.865 metros quadrados). Confirmada a previsão, será a menor produção desde 95, quando somou 653.358 metros quadrados e ficará próxima da de 96 (825.840 metros quadrados).

No ano passado, o volume de construções concluídas já havia registrado queda de 23,4% em relação a 2000, quando o setor alcançou o melhor desempenho: 1.638.692 metros quadrados. De janeiro a outubro de 2002, houve redução de 47% na produção residencial e 74% nas construções para fins comerciais, comparado aos mesmos meses de 2001. Das 3.975 unidades concluídas na capital nos dez primeiros meses deste ano, 3.843 são destinadas ao uso residencial e 132 para comércio.

“Em dezembro do ano passado havia uma expectativa grande, o governo falava em crescimento de 2 a 3% no PIB. Com o ano político, esperávamos muitas obras públicas”, relata Doria. O recuo na produção não ocorreu só em Curitiba. “É reflexo da situação econômica do País, da falta de política habitacional consistente, falta de financiamento para produção e para a classe média e juros altos”, aponta.

Com as incertezas econômicas que marcaram 2002, a maior parte das obras foram de pequeno porte, tempo de construção rápido e custos reduzidos, bancados pelas próprias construtoras. Historicamente, o custo do metro quadrado de um imóvel de padrão médio era 1,7 CUB (R$ 1,1 mil). “Hoje se comercializa imóveis novos de boa qualidade a partir de R$ 800 o metro quadrado”, comenta Doria. 61% da produção residencial finalizada esse ano foi de unidades horizontais (casas e sobrados, com até três pavimentos), principalmente no CIC, Novo Mundo, Portão e Boqueirão. Empreendimentos verticais com mais de oito pavimentos representaram apenas 5% do total.

Expectativas

Para 2003, os empresários do setor estão confiantes. “O governo Lula está preocupado com uma política habitacional consistente, especialmente na habitação social. Não se combate a fome com cesta básica, mas com emprego e a construção civil sabe responder de imediato esse déficit”, diz Doria. Ele critica ainda o tratamento diferenciado conferido pelo governo do Paraná às montadoras, com isenções fiscais. “Nunca tivemos um centésimo desse favorecimento e geramos mais empregos. A Chrysler, que já fechou, criou 250 empregos. Hoje qualquer construtora pequena gera mais do que isso”, cita.

O número de empregos formais do setor se manteve estável com 31 mil vagas na Grande Curitiba. “Antes 70% das obras ocorriam no centro de Curitiba e nas estruturais. De dois anos para cá, as construções migraram muito para os bairros da periferia e Região Metropolitana”, conta Doria. Obras de indústria, shoppings, supermercados e clínicas médicas ajudaram a segurar os postos de trabalho. Segundo o empresário, o segmento tem condições de triplicar a produção desde que haja financiamentos. Nesse ano, apenas 200 imóveis receberam recursos da Caixa Econômica Federal no Estado.

Na contramão da produção, a área total liberada para novas construções em Curitiba cresceu 32% no período de janeiro a outubro comparado ao ano passado, totalizando 1.823.044 metros quadrados. Segundo Doria, isso se deve às mudanças na Lei de Zoneamento. Como os alvarás representam apenas intenção de construir e valem por doze meses, o sindicato estima que somente 40% das obras licenciadas serão concretizadas.

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