Concentração de poder faz os preços subirem

A concentração de poder econômico na produção de matéria-prima e no varejo é o real motivo dos aumentos de preços dos produtos nos supermercados, na avaliação de Celso Luiz Gusso, presidente da Assossuper (Associação dos Fornecedores de Supermercados do Paraná). Ele cita que uma rede de varejo com 20 lojas no Estado tem 2 mil fornecedores, dos quais cinco multinacionais (que representam 50% dos itens), e o restante são micro, pequeno, médios e grandes fornecedores. No varejo nacional, seis empresas detém quase 50% do mercado. “Os cinco grandes fornecedores, que são formadores de preços, impõe os aumentos, mas quem forma os custos são os fornecedores de matéria-prima”.

“A empresa nacional tem como fornecedor as grandes multinacionais, que trabalham única e exclusivamente com preços em dólar, com um vício: quando o real desvaloriza, os produtos sobem. Quando valoriza, não baixam”, aponta Gusso. O plástico, por exemplo, aumentou 80,43% nos últimos dez meses, mas somente 22% foi repassado. “A matéria-prima representava um terço do custo de uma sacola, agora chega a 70%. O governo tem a responsabilidade de intervir”. Para Gusso, “um grande erro foi cometido no País: se concentrou muito o varejo e a produção industrial de bens estratégicos nas mãos de poucos, o que dá uma distorção muito grande”. Segundo ele, a situação da ampla maioria dos fornecedores é dramática. “Lamentavelmente, vai ter muito desemprego, falência e concordata pela frente”. Os fornecedores de matéria-prima só atendem com garantias. Quem não tem como pagar, não consegue honrar os contratos.

Um dos objetivos da Assossuper é defender os interesses dos fornecedores regionais. Gusso confirma que as grandes redes varejistas impõem contratos aos fornecedores, geralmente de seis meses, com preços fechados. O Paraná representa 8% do consumo do varejo nacional. Nos supermercados regionais, 20% do fornecimento é local. Nas redes de fora, não passa de 3% – a maior parte é comprada em São Paulo e Porto Alegre.

Outro problema são as margens de lucro das redes, que chegam a 80% nas carnes e 130% nos embutidos. “Além de impor achaques aos fornecedores, os supermercados jogam na indústria uma culpa que ela não tem, quando poderiam reduzir muito os preços diminuindo as margens”, diz o presidente do Sindicarne/PR, Péricles Salazar.

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