China entra com força no mercado brasileiro

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Castelo Branco, da CNI: Brasil precisa se preparar.

Brasília – Sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que uma em cada quatro empresas industriais do País é afetada pela concorrência de produtos chineses. O levantamento, realizado junto a 1.367 pequenas e médias empresas e a 214 grandes companhias, mostra que 26% dos empresários consultados afirmam que competem com produtos chineses no mercado brasileiro.

Dentre as empresas que concorrem com os chineses no Brasil, 52% registram queda em suas vendas domésticas. Além disso, 12% das empresas que disputam com a China no mercado brasileiro ressaltaram que suas perdas foram ?muito significativas?. Já entre as companhias exportadoras consultadas pela CNI, 54% afirmaram que concorrem com produtos chineses. Dentro desse grupo, 58% disseram que perderam clientes no exterior para os chineses.

Fábrica própria na China

O levantamento aponta, ainda, que 12% das grandes empresas do Brasil já transferiram, de alguma maneira, parte de sua produção para a China. De acordo com os dados, 7% das grandes companhias consultadas já produzem com fábrica própria na China, e 5% terceirizaram parte da produção com empresas chinesas. Além disso, 3% das grandes empresas informaram que pretendem se instalar na China, e 4% disseram que têm a intenção de terceirizar parte de sua produção com companhias chinesas.

Segundo a CNI, esses porcentuais são uma espécie de resposta das grandes companhias brasileiras à concorrência chinesa no mercado nacional e internacional. Entre as empresas de menor porte, porém, os números são bem menos expressivos. Apenas 2% das pequenas e médias empresas consultadas informaram que possuem fábrica própria na China. E 1% delas relatou que terceiriza parte da produção na China.

A entidade ressalta, no documento, que as empresas brasileiras que se instalaram na China estão concentradas em alguns poucos setores industriais. Cerca de metade das companhias do País que produzem no país asiático é ligada a quatro segmentos de atividade: veículos automotores, máquinas e materiais elétricos, minerais não-metálicos e produtos de metal.

Têxtil

De acordo com a confederação, os setores têxtil e de vestuário são os que mais sofrem, no mercado brasileiro, com a concorrência de produtos chineses. Segundo a sondagem, 75% das empresas têxteis consultadas que concorrem com os chineses relataram que tiveram recuo de participação das vendas no mercado interno. Entre as companhias de vestuário entrevistadas, o porcentual é de 66%.

Outro que, de acordo com a pesquisa, vem sendo prejudicado é o de minerais não-metálicos: 64% das empresas desse setor que foram consultadas e que concorrem com os chineses disseram que suas vendas domésticas diminuíram.

No mercado externo, o setor de vestuário lidera as perdas causadas pela disputa com os chineses. O levantamento mostra que 31% das companhias desse setor que concorrem com a China no mercado internacional pararam de exportar, e 69% afirmaram que perderam clientes para os chineses. No setor de couros, 30% das empresas que concorriam com a China deixaram de exportar, e 40% perderam clientes externos para os chineses.

A CNI consultou as empresas entre os dias 5 de janeiro e 1.º de fevereiro.

País já reduz a compra de produtos ?mais sensíveis? para a indústria

Brasília (AE) – O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou que a velocidade de crescimento das importações de produtos chineses ?mais sensíveis? para a indústria brasileira, como têxteis e confecções, está-se reduzindo.

Segundo ele, isso é resultado de acordos feitos com os chineses para redução voluntária. Furlan comentou, no entanto, que a Secretaria de Comércio Exterior (Camex) está olhando com muito cuidado tentativas de fraudes em importações de produtos a preços inferiores ao valor real.

?Tem-se conseguido evitar que algumas empresas fraudem o Fisco?, comentou. Segundo o ministro, há um esforço grande da Polícia Federal e da Receita Federal para coibir essas práticas, que prejudicam a competitividade da economia nacional.

Furlan disse que a qualidade dos produtos chineses importados é melhor, atualmente. O Brasil, segundo ele, está comprando mais componentes e equipamentos sofisticados. Como exemplo dessa melhoria, o ministro mencionou os brinquedos importados da China.

De acordo com o ministro, a atuação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) certificando os produtos para que não sejam danosos e não contaminem as crianças, está permitindo um nível melhor na qualidade dos produtos.

PIB

O desafio do Brasil é chegar ao último trimestre deste ano com uma expansão de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), comentou Furlan. ?Para entrar 2008 com uma velocidade de crescimento de 5%?, disse. Ele afirmou que a média de avanço de 2007 vai ser menor do que esses 5%, mas espera que este ano repita o ocorrido em 2006, quando o crescimento do último trimestre foi maior do que a média.

Brasil precisa se preparar para enfrentar a concorrência

Brasília (AE) – O coordenador da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, disse ontem que para os próximos anos a tendência é de que haja um acirramento da concorrência entre a indústria brasileira e produtos da China. Essa disputa se dá tanto no mercado interno quanto no internacional. ?Por isso é preciso criar condições para enfrentar essa concorrência?, afirmou.

Castelo Branco ressaltou que não dá para colocar salvaguardas, por exemplo, em todas as importações da China. A solução, na avaliação do técnico, é melhorar a capacidade de competição das empresas brasileiras. ?As indústrias já estão fazendo a sua parte, reduzindo seus custos e investindo em qualidade. Mas o que precisa ser solucionado são problemas de natureza sistêmica, como a alta carga tributária, a logística ineficiente, o alto custo de capital e mercado de trabalho com regras em excesso?, disse.

Castelo Branco comentou a sondagem da CNI sobre a concorrência dos produtos da China. A pesquisa mostrou, por exemplo que a principal estratégia das empresas para enfrentar a concorrência chinesa é a redução de custos. Do total de companhias consultadas pela confederação, 48% afirmaram que estão adotando essa tática para enfrentar a competição e 40% das respostas citaram como estratégia o investimento em qualidade de design dos produtos.

A sondagem da Confederação Nacional da Indústria mostra que 5% das indústrias entrevistadas manifestaram que esperam aumentar suas importações de matéria-prima da China, neste semestre. Isso representa quase a metade do porcentual das empresas que informaram que importam os produtos da China (11%).

Voltar ao topo