Buffets infantis invadem o Paraná

Já se foi o tempo em que as festinhas infantis eram realizadas na casa da avó. Nos dias de hoje já não se tem mais o hábito de acordar cedo, sentar na mesa com a família e enrolar brigadeiros até o horário da festa. Hoje os donos da festa somente saem de casa para ir a sua própria festa. Com o tempo cada vez mais curto e com as mulheres entrando cada vez mais no mercado de trabalho, essas tarefas ficaram ainda mais raras. Foi aí que pequenos empresários enxergaram um nicho de mercado promissor e que vem crescendo cada vez mais nos últimos anos: o dos buffets infantis.

O setor não é organizado em associações, pelo menos no Paraná. Dados a respeito da área, como quantidade de unidades no país, quanto o setor gera, etc., também são difíceis de encontrar. Porém, não é difícil enxergar que essas unidades pipocam em vários bairros das grandes cidades, e algumas até já expandiram os negócios, não ficam somente nas festas infantis, mas também exploram comemorações para adolescentes e para a terceira idade. Apesar de não haver tantos dados no Paraná, a Associação de Buffet Infantil (Assebi), que funciona em São Paulo (cidade que concentra boa parte dos buffets do país), informa que o setor cresceu pelo menos 14% de 2009 para 2010. Hoje, segundo a Assebi, somente em São Paulo existem cerca de 800 buffets que geram ao menos 24 mil empregos.

O crescimento de 14%, segundo o diretor de Comunicação da Assebi (e também proprietário de buffets), Adriano Chiofalo, pode se estender para outros estados, como o Paraná, por exemplo. “Nosso crescimento é um pouco diferente do dos outros setores, pois temos uma cadeia de relacionamento muito grande. Geramos muita mão de obra fixa e free-lancer, e também geramos muito recurso, tanto aqui como fora de São Paulo”, disse. Em novembro, até um congresso sobre o tema será realizado em São Paulo (nos dias 9, 10 e 11), a exemplo do que já ocorreu em outros anos.

O setor gera muitos empregos porque os buffets necessitam de trabalhadores de diversos setores, com garçons, chefs de cozinha, decoradores, artistas, pessoas que fazem animação (como palhaços, por exemplo), educadores, entre outros. E cada vez mais os proprietários têm que diferenciar seus serviços, pois a concorrência está cada dia aumentando mais. “Hoje atingimos classes que antes não atingíamos, como a classe D, por exemplo. Creio que, em partes, outro fator que explica nosso crescimento é que trabalhamos com um produto supérfluo que não é supérfluo. Antigamente o setor era caracterizado mais pelas empresas familiares, hoje há o interesse de outros empresários no ramo, que pensam mais na profissionalização, o que motivou o boom no mercado de buffets infantis”, brincou Chiofalo.

Aumento na competição vai reduzir o crescimento

O responsável pela Comunicação da Associação de Buffet Infantil, Adriano Chiofalo, não acredita que o crescimento de 2010 para 2011 seja semelhante ao dos anos anteriores. “Acredito que o setor vai continuar crescendo, mas um pouco menos, no máximo 8%”, afirma. A concorrência também tem o seu lado negativo, pois quanto mais casas de festas,
mais divide-se o bolo. Suzimeire Menezes diz que o movimento tem diminuído nos últimos anos. Hoje o Buffet realiza de 15 a 20 festas por mês, mas já chegou a fazer mais de 25. Mas para Suzi, continua tendo mercado para todo mundo, porém, quem trabalha com isso deve ficar de olhos bem abertos. “Acredito que a tendência é afunilar o mercado e ficarão apenas os mais preparados, os bons profissionais. Nós temos uma despesa alta, temos que ter um giro grande”, disse. O Cores e Sabores está buscando outras alternativas para diversificar o seu campo de atuação, como por exemplo, festas para a terceira idade feitas à tarde ou na hora do almoço, entre outras. Uma festa infantil pode custar de R$ 1.700 a R$ 3.500. Antes de pensar em abrir um buffet, é preciso tomar alguns c,uidados. O consultor do Sebrae-PR, Erlon Labatut de Oliveira, explica que para abrir um negócio (neste caso, um Buffet) infantil, é fundamental que se faça um planejamento. Estudar o público que se pretende atingir, quem são as pessoas que estão no bairro (ou no entorno daquele bairro), o poder aquisitivo delas, o comportamento (se costumam fazer festinhas em buffets ou não) é fundamental. “Se eu não fizer toda essa avaliação, talvez não vai adiantar abrir este tipo de negócio naquela região. Estudar o mercado é a principal atitude que se deve tomar antes de mais nada”, orientou Oliveira. Para ele, buscar o diferencial nesse ramo é fundamental. “Já é uma dificuldade entrar no mercado, ainda mais em um ramo como esses, que já apresenta várias opções. Então o serviço básico já existe, é preciso inovar para chamar a atenção”, garantiu.

Serviço diferenciado é o que garante a clientela

Mas a concorrência traz os dois lados da moeda: de um lado é positiva para os clientes, na medida em que estimula a melhora nos serviços; de outro é negativa para o empresário, pois quanto maior a oferta, menos a quantidade de festas realizada por cada buffet e, consequentemente, menos lucro.  Desta forma, a diferenciação de serviços vem se tornando decisivo para o sucesso do buffet, e para ele se manter firme no mercado. Essa diferenciação também tem os dois lados da moeda: por um lado gera uma oferta mais variada de serviços ao cliente, mas de outro causa o aumento do preço das festinhas. Assim, o parcelamento dos valores se torna quase que inevitável para o proprietário. “Hoje o poder de barganha está nas mãos do consumidor, o que não ocorria antigamente quando havia poucas opções para ele. E o que nos mantém no mercado é a gestão. Antes éramos pioneiros em um determinado brinquedo, por exemplo, e ficávamos anos com ele. Hoje isso muda muito rapidamente”, analisa o diretor de comunicação da Associação de Buffet Infantil (Assebi), Adriano Chiofalo (que também é proprietário de buffets em São Paulo). A proprietária do Buffet Infantil Cores e Sabores, de Curitiba, Suzimeire Menezes, já abriu os olhos para esse mercado há bastante tempo. A sua empresa foi criada há nove anos, e desde o início ela já tinha essa visão da diferenciação para se manter no mercado. “A gente sempre tinha a impressão de que festinha de criança era sinônimo de salgadinho frio”, brincou.

Ela chegou à conclusão que o adulto é que é, na verdade, o seu maior cliente. “Quem vai consumir mesmo na festa é o adulto. A criança quer um ambiente agradável, digamos que ela não vai na festa com o objetivo maior de comer”, comentou.  Por conta disso, Suzimeire inovou. Colocou garçons treinados para trabalhar, solicitou salgados e doces mais sofisticados (e tão gostosos quanto os mais simples) para sua técnica em alimentos e até criou uma oficina de cup-cakes (os famosos bolinhos de copinho) para que as próprias crianças convidadas façam o doce. “Os garçons sempre estão repondo a mesa e atentos ao que o cliente está bebendo, para que a pessoa não fique repetindo toda hora o que ela quer. Ou seja, hoje o mercado pede profissionais mais treinados, antes as pessoas não notavam isso”, disse Suzi. As opções de comida, então, são muitas, pois festa infantil é sinônimo de comer, e muito. “Hoje nós também temos as famosas comidinhas de boteco, para os casais mais jovens, que gostam disso”, contou.