Bernardo não vê divergência entre Fazenda e Banco Central

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, negou hoje que haja qualquer tipo de divergência entre os dois principais nomes da equipe econômica: o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles.

“Temos de ter muito cuidado, porque tem gente que joga”, afirmou, ao comentar que há muito especulação sobre a condução da economia no Brasil. “Não estou vendo divergência nenhuma. Vocês estão completamente enganados”, disse Bernardo, ao deixar o ministério da Fazenda, onde foram apresentadas as novas cédulas do real.

Nas últimas semanas, a Fazenda tem sinalizado que pretende evitar uma eventual alta de juros enquanto o BC se mostra preocupado de que de que uma recuperação mais forte da economia possa pressionar os preços. Para Bernardo, o importante na economia atualmente é ter “vigilância severa com inflação”.

Para ele, as especulações existentes sobre a condução da economia tratam principalmente da política cambial e monetária. E ele aproveitou para disparar contra o principal partido da oposição: o PSDB.

“O PSDB já anunciou que vai mudar a política. Era bom que o PSDB anunciasse quais mudanças substancias que eles querem fazer”, afirmou, ao lembrar de recente entrevista do presidente do partido, Sergio Guerra, em que sugeria mudanças no câmbio e nos juros.

Ao ser questionado acerca do atual ritmo de expansão da economia, Bernardo afirmou que o Brasil “vai andar bem”. “Isso é natural porque há recuperação do ano passado. O Brasil faz isso sem nenhum tipo de trauma”, avaliou.

Ele lembrou que o governo trabalha com a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,2% em 2010, mas que há bancos que já esperam expansão de até 6%. Otimista, o ministro do Planejamento prevê que os investimentos devem se recuperar. “2010 vai ser o ano do investimento”.

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Bernardo negou ainda que o anúncio conjunto do ministro da Fazenda e do presidente do BC, da nova família de cédulas do real, tenha o objetivo de desfazer o mal-estar entre as duas pastas causada por informações de fontes sobre a discussão em torno do rumo da taxa básica de juros.

O ministro disse ainda que os economistas de mercado são “excepcionais para dar palpite”, mas erram bastante em suas projeções. Bernardo lembrou que basta olhar a pesquisa Focus, divulgada semanalmente pelo BC, para notar a quantidade de erros cometidos pelo mercado.

Ele reconheceu que o governo também erra nas projeções, mas ressaltou que, pelo menos, o governo deixa claro que tratam-se de projeções que estão sujeitas a mudanças.