BCE quer políticas rígidas para administrar orçamentos

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, afirmou que a redução de déficits e a instauração de políticas fiscais sustentáveis são fundamentais para restaurar a confiança do mercado, o que por sua vez estimulará o crescimento. Para ele, a economia global está, de fato, experimentando uma recuperação, apesar de ainda estar frágil nos países desenvolvidos, e precisa ser impulsionada por uma aceleração nas reformas estruturais. “Estamos em um período em que é preciso administrar os orçamentos com muita cautela. Você pode chamar isto de austeridade se quiser, eu chamo de políticas fiscais rigorosas”, declarou Trichet ontem em entrevista concedida em paralelo a uma conferência econômica.

Trichet encorajou os países da zona do euro a fortalecer o Pacto de Estabilidade e Crescimento e a reforçar a vigilância fiscal no bloco. O presidente do BCE pontuou que o grupo das 20 nações mais desenvolvidas e emergentes (G-20) endossou o apelo à redução de déficits para restaurar a confiança e ajudar o crescimento em sua última reunião, no final de junho, em Toronto. A “complementaridade” entre políticas fiscais sustentáveis e confiança “foi consideravelmente reconhecida pela mensagem passada em Toronto”, afirmou Trichet.

Durante a reunião do G-20 em Toronto, os países ficaram divididos entre o quão rápido retirar as medidas de estímulo destinadas a aumentar a demanda e a começar a cortar déficits. Os Estados Unidos, por exemplo, encorajaram seus pares europeus – a maioria deles revelou planos de redução de déficit abrangentes nas últimas semanas – a dar todos os passos necessários para assegurar o crescimento. Em seu comunicado final, o G-20 convocou os países a sanar suas finanças públicas e ao mesmo tempo tomar cuidado para não reprimir a recuperação, e reconheceu que cada país poderia fazê-lo em seu próprio ritmo.

Trichet descartou o risco de uma recessão de duplo mergulho como resultado dos planos de austeridade adotados em vários países europeus ao mesmo tempo. “Está claro que estamos passando por uma recuperação a nível global, confirmada especialmente nos países emergentes, mas também no mundo industrializado”, afirmou Trichet. Ele alertou que a recuperação não deve ser tomada como certa nos países desenvolvidos e que precisa ser fortalecida por reformas estruturais. A publicação dos resultados dos testes de estresse – atualmente em andamento nos bancos europeus – será um elemento chave para restaurar a confiança, afirma Trichet. As informações são da Dow Jones.

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