Aplicações perdem da inflação

São Paulo

  – Todas as opções de investimento, da renda fixa às ações, passando por ouro e dólar, renderam abaixo da inflação de 2,28% calculada pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) em fevereiro. O mês que terminou na sexta-feira (28) repete no mercado de investimentos a situação de novembro, quando o rendimento de todas as aplicações financeiras rodou abaixo do IGP-M, que, inchado pelo salto do dólar, cravou 5,60%.

A relativa estabilidade do dólar comercial nesta virada de ano – apesar das idas e vindas, a moeda americana acumula valorização de apenas 0,85% entre janeiro e fevereiro – não tem assegurado ainda um recuo mais acelerado da inflação. Para analistas, ela está sendo pressionada ainda pelo repasse gradual da disparada do dólar no segundo semestre do ano passado.

A crescente tensão no cenário externo em fevereiro, diante da expectativa de uma ação militar dos EUA contra o Iraque, não foi suficiente para puxar com força preços de ativos como dólar e ouro, embora o paralelo, com valorização de 1,78%, tenha sido a aplicação mais rentável no mês encerrado sexta-feira. O dólar comercial rendeu pouco menos, 1,48%, e o ouro, que liderou a rentabilidade em janeiro com 4,63%, desta vez amargou perda de 2,83%.

O esticão na taxa básica de juros, que avançou de 25,50% ao ano para 26,50% por decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na última reunião, tampouco assegurou margem positiva no rendimento das aplicações de renda fixa. O melhor desempenho no mês ficou com os fundos DI, com rentabilidade de 1,54%, seguidos pelos fundos de renda fixa, com 1,50%.

A bolsa de São Paulo foi, pelo segundo mês seguido, o pior investimento, em rentabilidade, acumulando desvalorização de 6,04%. A perda no ano, em dois meses, está em 8,77%. A combinação de incertezas externas com um aperto monetário mais forte esvaziou também o pregão de ações. Pelos dados da consultoria Economática, o volume médio diário da Bolsa paulista em fevereiro foi o terceiro mais baixo desde 1997, portanto em seis anos.

Tendências

O mercado financeiro dá a largada em março, após o período de carnaval, sem clara tendência, dada a persistência de duas incertezas básicas que ditaram o rumo dos mercados em fevereiro: a crise entre EUA e Iraque e a resistência da inflação a uma queda mais acelerada. O cenário de indefinição, segundo especialistas, continua favorecendo as aplicações mais conservadoras e de menor risco, principalmente os fundos DI. Até porque, avaliam alguns analistas, a temporada de alta dos juros pode não ter chegado ao fim. Os fundos DI levam vantagem num quadro desses porque seu rendimento roda de acordo com o juro corrente.

Voltar ao topo