ALL onera custos dos produtores rurais

Pelo menos 30% da safra de soja paranaense exportada por Paranaguá acaba tendo um custo adicional de R$ 40,00 por toneladas para o produtor rural. Os cálculos são da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e estão baseados na relação entre as tarifas médias cobradas pela setor rodoviário e as cobradas no setor ferroviário pela concessionária ALL-Delara.

Segundo o assessor da presidência da Faep, Carlos Alberto Albuquerque, a operadora logística varia seus preços de acordo com aqueles praticados pelos caminhoneiros. O frete rodoviário que normalmente custa cerca de R$ 50,00 por tonelada do extremo oeste até Paranaguá chega até R$100,00 durante o período de escoamento da safra. “A ALL sempre cobra 80% desse preço, quando todos nós sabemos que poderia cobrar bem menos, como a Rede Ferroviária Federal fazia”, afirma o assessor da presidência.

A Faep também queixa-se da baixa oferta de trens disponibilizados pela ALL para o escoamento da safra de grãos. A operadora estaria -segundo Albuquerque- dando prioridade aos vagões de transporte de cargas contêneirizadas em relação aos vagões graneleiros. “Não mais que 30% da safra de grãos chega a Paranaguá pela ferrovia. E eles não têm interesse em transportar mais. Como o frete rodoviário é mais alto, eles ficam nessa média e faturam bastante. Se aumentassem o número de trens, isso obrigaria o frete rodoviário a cair. É uma lógica estranha mas é a lógica pela qual eles lucram”, explica. A previsão para esse ano é que sejam colhidos mais de 10 milhões de toneladas de soja, dos quais pelo menos 7 milhões devem ser exportadas; e 2,5 milhões de toneladas de milho.

Pelos números da Faep, os 30% da safra transportados acabam pagando cerca de R$ 40 a mais por toneladas devido a política de preços flutuante da ALL. “Está certo que eles visam o lucro, mas acho que a concessão tem de pensar um pouco no desenvolvimento do estado. Esse aumento sincronizado com o setor rodoviário é abusivo”.

ALL

Em resposta as posições da Faep, a ALL afirmou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que a operadora regula seu preços de acordo com o mercado, respeitando, no entanto, o teto fixado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A operadora também afirmou que vem cumprindo com as metas de produtividade da ANTT e que aumentou sua participação nos Portos de Paranaguá e no Porto de São Francisco do Sul, basicamente com o transporte de grãos.

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