Agência eleva rating do Brasil, mas mantém alerta

A agência norte-americana de classificação de risco Moody?s elevou o “rating” (nota de crédito) do Brasil. O aumento das exportações e redução da necessidade de financiamento externo do país foram citados como justificativas para a medida.

O teto da dívida soberana em moeda estrangeira do Brasil foi elevado ontem de “B2” para “B1”, disse a Moody?s. A perspectiva para os bônus continua estável.

Em comunicado, a agência mencionou que “um contínuo aumento das exportações combinado à menor dependência de empréstimos em moeda estrangeira” é sustentável.

Mas a Moody?s fez uma ressalva: o Brasil continua vulnerável a mudanças súbitas na confiança do consumidor, “um fator que pode restringir temporariamente o acesso do país ao mercado de capitais externo”.

Nos últimos meses, o mercado financeiro especulava sobre uma melhora do “rating” do país. Apesar da elevação da nota, o Brasil continua fora do grupo de países considerados “investment grade” (grau de confiança máxima dos mercados).

Como funciona

Um rating em moeda estrangeira é uma avaliação da habilidade de uma empresa ou país de pagar suas obrigações em qualquer moeda que não seja a sua moeda doméstica. No caso do Brasil, são os bônus que pagam remuneração em dólar, euro ou ienes.

Essa avaliação, feita por agências de classificação como a Moody?s, já considera o risco cambial, ou seja, quanto um país tem em caixa da sua moeda local para converter em uma moeda estrangeira para honrar seus compromissos no exterior.

Para os ratings em moeda estrangeira, a Moody?s impõe um “teto de moeda estrangeira” que limita todos os ratings de todas as empresa sediadas em um determinado país. Ou seja, nenhuma companhia brasileira tem rating maior que o do governo.

Foi esse teto que a Moody?s melhorou ontem quando elevou a nota para as emissões do governo brasileiro em moeda estrangeira de “B2” para “B1”. A revisão foi feita pela unidade da agência em Nova York, nos EUA.

Essa nota “B1” deixa o Brasil a quatro degraus da nota que o classificaria como “investment grade” (grau de confiança máxima dos mercados). Um país classificado como “investment grade” é melhor avaliado pelos investidores e consegue captar com juros menores.

Juro não vai sofrer alteração drástica

O ministro do Planejamento, Guido Mantega, descartou elevações drásticas na taxa básica de juros brasileira (Selic). Apesar de afirmar que o governo não vai influenciar o Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central), o ministro disse que “eles (os integrantes do comitê) vão ser suaves nas suas decisões”.

O Copom se reúne na próxima semana para decidir uma possível alteração na taxa básica de juros da economia brasileira (Selic). Nas atas das últimas reuniões, o comitê sinalizou que em breve pode elevar os juros, que hoje estão em 16% ao ano. O mercado, entretanto, ainda está dividido sobre a possibilidade de um aumento já na próxima semana.

Mantega disse que não faria comentários sobre o resultado da reunião deste mês, mas minimizou o impacto de uma eventual mudança nos juros sobre o crescimento econômico. De acordo com o ministro, o crescimento para este ano será superior a 4%. “Prefiro ser prudente para não animar muito o mercado”, afirmou.

O ministro reconheceu que houve uma elevação dos índices de inflação nos últimos meses, mas afirmou que a inflação permanece dentro da meta. “Não sei se haverá necessidade ou não (de mexer nos juros)”, disse.

Apesar do resultado do IGP-DI (Índice Geral de Preços do Mercado) bastante acima das previsões, o ministro afirmou que a inflação permanece sob controle. O índice apurou alta de 1,31% ante uma expectativa do mercado de alta de só 0,92%.

Segundo Mantega, o resultado reflete pressões pontuais de preços administrados e a variação do preço do petróleo. “Não acredito em remarcação generalizada, dentro da estrutura produtiva existem freios naturais”, disse.

O ministro também voltou a falar sobre o papel das PPP (Parcerias Público-Privadas) como forma de ampliar o investimento em infra-estrutura e garantir o crescimento sustentado nos próximos anos. “A opinião pública brasileira, o que inclui os parlamentares, já se conscientizou da necessidade de aprovar a PPP”, disse.

Bens de capital

Mantega mencionou o crescimento pelo quinto mês consecutivo da produção industrial. O resultado foi divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar da expansão de 9,6% na comparação com julho do ano passado, em junho a indústria havia crescido 13% nos mesmos termos de comparação. “Houve uma desaceleração, mas não dava para manter 13%, teríamos um desequilíbrio na estrutura produtiva”, disse.

Sobre a redução de 1,1% dos bens de capital após quatro meses de expansão, o ministro afirmou tratar-se de um “ajuste técnico”. Mantega lembrou que o setor de bens de capital foi o que registrou o maior crescimento no primeiro semestre e que em razão da formação de estoques e da antecipação de demandas, o ajuste seria natural.

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