Os acordos salariais fechados pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba na Campanha Salarial Emergencial injetarão R$ 22,2 milhões na economia paranaense até novembro. Deflagrada em março, para repor as altas perdas inflacionárias dos primeiros meses do ano, a campanha – encerrada no início de junho – beneficiou 39.824 trabalhadores na Região Metropolitana de Curitiba com reajuste salarial médio de 8,33%. “Além da recomposição salarial fora da data-base, que desde 94 não acontecia no Brasil, outro grande avanço foi a redução da jornada de trabalho em mais de 30 empresas de grande porte”, resumiu o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, ao divulgar ontem o balanço da campanha.
Dezesseis mil metalúrgicos irão trabalhar menos com a redução de jornada, que na maioria das empresas passou de 44 para 42 horas semanais. “Essa redução representa 5% de ganho real salarial e inibe demissões”, ressaltou Butka, informando que até janeiro de 2005 a meta é chegar a 40 horas de jornada nas principais empresas do setor. A diminuição do período de trabalho reduz o risco de lesões por esforço repetitivo. “A linha de produção torna as pessoas vulneráveis às doenças do trabalho. Enquanto aqui os trabalhadores da Volkswagen/Audi trabalham 42 horas semanais, na Alemanha os funcionários da montadora trabalham 36 horas, com 10 minutos de descanso a cada 50 de produção”, compara Butka.
Apesar da redução da jornada não ser o ideal, representa um avanço. “O resultado da campanha aponta mudanças nas relações de trabalho no Paraná, onde sempre houve muita resistência patronal em discutir a redução de jornada”, avaliou o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Outra vitória, de acordo com Butka, foi a discussão de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) em empresas que não adotavam o benefício.
Acordos
Com data-base em dezembro, os metalúrgicos foram a única categoria a conquistar antecipação salarial no País. Os acordos representam um adicional mensal (até novembro) de R$ 9,8 milhões na massa salarial dos metalúrgicos, que soma R$ 44,5 milhões. “Como a inflação se acelerou principalmente no período de outubro a março, toda reposição pela inflação dos últimos 12 meses recebida em dezembro já tinha sido corroída em abril”, comentou Cordeiro. Os acordos foram feitos com dois sindicatos patronais, montadoras e PIC (Parque Industrial de Curitiba), formada pelos fornecedores da Volkswagen/Audi, em São José dos Pinhais. Ainda foram firmados cerca de 50 acordos individuais diretamente com as empresas.
O acordo fechado com o Sindimetal (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Paraná) incorporou 11% de reajuste a partir de primeiro de junho para salários com teto de R$ 2.364,00 e garantiu a reposição da diferença do INPC na data-base. A negociação com o Sindimáquinas resultou em reposição de 100% do INPC na data-base e abono emergencial no valor de 70% do salário nominal, com teto de R$ 600, pago em junho e julho. Esse acordo garantiu também o pagamento da multa de 40% sobre os depósitos do FGTS para trabalhadores demitidos sem justa causa, inclusive aos aposentados, além da estabilidade para dirigentes sindicais até o final da próxima gestão.
Os 2.300 funcionários da Renault conquistaram abono de R$ 500,00 e redução da jornada para 41 horas em setembro e 40 horas em janeiro de 2004. Na Volkswagen/Audi, os 2.423 empregados também receberam abono de R$ 500,00. A jornada é de 42 horas semanais. Na Volvo, que já tem jornada de 40 horas, o abono para os 1.415 trabalhadores foi de R$ 600,00, mesmo valor pago aos 1.186 colaboradores da New Holland – que diminuirá a jornada de 44 para 42 horas. Os 1.400 trabalhadores do PIC receberam abono de R$ 360,00. Apesar do declínio nas vendas das montadoras, Butka espera uma retomada a partir de setembro.
Empregos
De janeiro a maio, foram gerados 2.090 empregos novos na base abrangida pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba: 1.049 nas montadoras e fornecedores, 598 nas metalúrgicas e 443 nas indústrias mecânicas.