Acordo EUA/Chile não é modelo

Brasília – O embaixador Ademar Bahadian, co-presidente brasileiro nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), anunciou na Comissão de Relações Exteriores do Senado, que os Estados Unidos pretendem fechar um acordo nos mesmos moldes do que foi fechado com o Chile. Segundo Bahadian, com base nesse acordo é que o governo brasileiro pleiteia a retirada das negociações de pontos como compras governamentais, investimentos, serviços e propriedade intelectual.

O diplomata lembrou que desde 1994 os EUA demonstram dificuldade em discutir temas relacionados com a Alca, como subsídios para a agricultura e regras antidumping. Para deixar mais clara a posição do governo brasileiro, o embaixador citou alguns exemplos do acordo EUA-Chile, mostrando que no setor de compras governamentais o governo chileno não pode favorecer empresas nacionais em licitações federais, estaduais e municipais, o mesmo ocorrendo com o setor de serviços. Na área de investimentos, o governo chileno não pode recorrer à Justiça do país, no caso de uma disputa com alguma empresa norte-americana sediada no País.

Ademar Bahadian disse respeitar acordos celebrados com qualquer país, mas os termos do assinado entre EUA e Chile não podem ser transferidos para o Brasil. Além desses pontos, claramente vantajosos para a economia americana, segundo o embaixador, o acordo não trata dos subsídios para a agricultura, um dos pontos principais defendidos pelo governo brasileiro.

“É importante que a sociedade brasileira saiba o que está em jogo, saiba o que significa quando os americanos falam em nível de ambição. Eu acho que a palavra correta seria nível de cobiça”, alertou o negociador brasileiro para assuntos da Alca.

A comissão ouviu também o vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Gilman Rodrigues, que falou sobre os possíveis prejuízos aos produtores brasileiros caso os Estados Unidos não concordem em remover as barreiras comerciais.

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