Duas mil pessoas acompanham enterro de missionária no Pará

O corpo da missionária Dorothy Stang, assassinada no último sábado em Anapu, no Pará, foi enterrado há cerca de duas horas neste município. O corpo foi sepultado ao lado do rio Anapu, no Centro de Formação São Rafael, chácara da igreja onde a irmã desenvolvia um projeto de educação ambiental com as agricultoras da região.

Antes do enterro, foi celebrada missa e aproximadamente duas mil pessoas acompanharam o corpo em procissão pelas ruas da cidade. Segundo a coordenação estadual da Comissão Pastoral da Terra (CPT), havia cartazes e faixas pedindo justiça e era de indignação o clima no cortejo.

O coordenador da CPT no Pará, Pax Pinto, afirmou que o estado é formado por latinfundiários e está repleto de terras griladas e que este seria o motivo dos crimes. "O Instituto de Terras do Pará (Interpa) não tem controle da situação das terras no estado", disse ele. Pax Pinto aponta o eterno conflito entre pequenos agricultores e negociadores de terra como o maior problema agrário no estado. "O Pará é o segundo maior estado em número de terras griladas, perdendo somente para o Amazonas", afimou.

A coordenação estadual da CPT informou que, só em 2004, foram 37 pessoas ameaçadas de morte no Pará. "Entregamos uma lista com os nomes dessas pessoas para as autoridadaes locais, para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e para a imprensa, e praticamente todos os anos pelo menos uma pessoa da lista é assassinada", disse Pax. No caso da irmã Dorothy, a última denúncia foi feita mês passado, segundo a CPT.

Após o enterro da missionária, o procurador da República Felício Pontes Júnior se reuniu com representantes dos movimentos sociais, organizações-não-governamentais e parlamentares que estão em Anapu e resolveram permanecer na região enquanto as investigações são iniciadas. Segundo a assessoria do Ministério Público no Pará, o clima na cidade de Anapu é de medo porque existem rumores que os assassinatos vão continuar.

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