Dólar: os dois lados

Cada dia a notícia se repete. ?É a menor cotação em dois anos?, ?é a menor cotação em cinco anos?, ?é a menor cotação em sete anos?, ?é a menor cotação desde janeiro de 1999?. Esta foi a mais recente, comentando de fechamento do dólar comercial na terça-feira (terminou valendo R$ 1,62). Ontem, o dólar bateu na casa de R$ 1,60. E nada indica que a tendência de queda será contida naturalmente – o Banco Central terá que continuar a agir para segurar a moeda norte-americana.

A notícia é ótima para uns e ruim para outros. Os compradores começam a se movimentar para adquirir dólares e trabalhar com as mudanças do mercado financeiro. Analistas estão garantindo que é um bom momento para investir reais na moeda norte-americana, que é sempre um referencial positivo em momentos de crise (o que não é o caso, mas nunca se sabe). Festejam também os importadores, que podem trazer ao País produtos estrangeiros a valores mais interessantes para o público.

E também quem vai aproveitar as férias escolares, pois pode viajar para fora do Brasil pagando menos. Alguns destinos internacionais, como Buenos Aires, Santiago, Montevidéu e Nova York, têm ofertas mais atraentes que destinos famosos do País, como Rio de Janeiro, a serra gaúcha e as praias do Nordeste.

Mas a queda do dólar atrapalha muito a economia brasileira. Indústrias, empresas e agricultores sofrem com a retração do câmbio, que inviabiliza as exportações. E isto promove um abalo sísmico em todo o sistema econômico nacional. Em um mundo cada vez mais globalizado, exportar significa estar na dianteira. E milhares de empresas do Brasil estão na frente – só que precisam contar, por causa da carga tributária local ou das barreiras comerciais pelo mundo, com o real desvalorizado, para ?empatar? os custos com os países mais desenvolvidos.

Como acontece o contrário, a situação fica crítica para quem precisa exportar. E estes são o dínamo de nossa economia, que não pode patinar em um momento tão favorável. Por isso tanta preocupação do governo federal com o câmbio. No que se chama de macroeconomia, os detalhes mudam tudo.

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