Desentendimento no governo sobre aftosa faz Rússia ser mais servera

Brasília – A Rússia deixou claro hoje (22) que será dura com o governo brasileiro antes de rever o embargo imposto às importações de animais vivos, carnes e produtos de oito Estados brasileiros. A restrição foi determinada depois de confirmados 28 focos de febre aftosa no rebanho do Mato Grosso do Sul e de um caso da doença no Paraná. Em comunicado, o serviço veterinário da Rússia informou que não está satisfeito com a incapacidade de o Brasil lidar com a doença. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, rebateu a crítica. "Do ponto de vista de identificação e controle da doença tenho a impressão que o que o Brasil tem feito é exemplar", disse.

Cerca de 14% das exportações brasileiras de carne bovina do Brasil vão para a Rússia. Em dezembro, mesmo com o embargo, a Rússia ainda foi o principal importador de carne bovina "in natura", comprando um volume de 9.356 toneladas, com receita de US$ 18,8 milhões. Os números são referentes ao período de 1º a 18 de dezembro e foram divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

Para o Mato Grosso do Sul e Paraná, Moscou suspendeu as compras de animais vivos, carnes suína, bovina e de aves, leite, todos os tipos de carne e lácteos, insumos pecuários e rações para animais, bem como dos equipamentos para manutenção, o abate e o processamento de animais.

A restrição ao Mato Grosso do Sul vale desde outubro. O Paraná e mais seis Estados estão proibidos de vender desde a semana passada. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Goiás, São Paulo e Minas Gerais não podem vender animais vivos, carnes suína e bovina e produtos de carne crua de suínos e bovinos. De acordo com o comunicado, o embargo comercial para o Mato Grosso do Sul e do Paraná por pelo menos um ano.

No comunicado, publicado após reunião realizada hoje com técnicos sanitários brasileiros, em Moscou, o vice-diretor do serviço, Evgeny Nepoklonov, disse que "está claro que o serviço veterinário brasileiro não pode garantir a segurança em relação à febre aftosa e não pode detectá-la rapidamente. Observaremos o Mato Grosso do Sul e o Paraná por, no mínimo, um ano e os Estados adjacentes por, ao menos, seis meses". Ele acrescentou que se as autoridades brasileiras não forem capazes de recuperar a confiança em relação ao controle da doença durante o tempo indicado, o embargo poderá ser estendido indefinidamente.

Surpreso, o ministro Rodrigues tentou minimizar as críticas. Ele lembrou que uma região que está livre de uma doença pode vir a registrá-la. "O fato de ser livre de aftosa não significa que uma região não terá a doença", acrescentou.

Rodrigues voltou a dizer que um voto de confiança nas ações desenvolvidas pelo ministério foi dado pela União Européia, que manteve embargo à carne bovina apenas para São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, contrariando as expectativas pessimistas de que o bloco suspenderia a compra do produto de todo o País. "Falta informação à Rússia", disse.

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