Muito barulho?

Shows no Couto Pereira deixam moradores na bronca com barulho e filas de fãs

Fila para show do System of a Down em Curitiba
System of a Down foi o último show internacional que o Couto Pereira recebeu. Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

Nos últimos anos, o Estádio Couto Pereira, no bairro Alto da Glória, em Curitiba, tem se destacado como um dos principais palcos para shows de artistas internacionais na cidade. Com capacidade para 40 mil pessoas, os eventos realizados no local impactam diretamente o cotidiano de quem vive nas proximidades.

Em 2025, o estádio já recebeu apresentações da cantora Olivia Rodrigo e da banda System of a Down. Ainda neste ano, estão previstos o festival I Wanna Be Tour e o show da banda Linkin Park. Em 2023 e 2024, o Couto Pereira também foi palco de performances do cantor Bruno Mars, da banda Red Hot Chili Peppers e do festival Universo Alegria.

O número de eventos musicais em Curitiba cresceu de 38%, em 2017, para 40% em 2024, segundo a pesquisa Cultura nas Capitais, realizada pela consultoria JLeiva e apresentada em fevereiro. Um dos principais atrativos para a cidade é a redução do Imposto Sobre Serviços (ISS), que caiu de 5% para 2% em 2017.

Show do System of a Down em Curitiba formou longas filas ao redor do estádio Couto Pereira. Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

Moradores “perdem o sossego” em semana de shows

Apesar dos benefícios econômicos para a cidade e para os organizadores, os shows têm causado transtornos para moradores da região. Proprietária de um imóvel na rua Floriano Essenfelder, Cida Chede relata que os shows atrapalham a rotina dos vizinhos por ocorrerem durante a semana. Neste ano, o show de Olivia Rodrigo foi realizado em uma quarta-feira, enquanto a apresentação da banda System of a Down aconteceu na terça.

De acordo com ela o descanso dos residentes é comprometido por vários dias, já que a montagem e desmontagem das estruturas ocorrem ao longo da semana. O processo envolve instalação de palco, testes de som e operação de geradores, cujos ruídos se estendem por dias.

“O bairro todo já ligou para o 156, ninguém atende”, reclama mulher que mora perto do Couto Pereira. Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

Além disso, fãs começam a se concentrar nos arredores do estádio com antecedência, acampando em barracas ou formando longas filas. Até poucas horas antes dos eventos, muitos permanecem encostados nos portões das residências ou sentados no asfalto, onde ainda há circulação de veículos dos moradores, mesmo com bloqueios.

Cida afirma que nos dias de jogo do Coritiba – time que joga no Couto Pereira, como costumam ocorrer nos finais de semana, a situação é mais controlada. “No dia de jogo, abrem o portão e eles [torcedores] entram em silêncio e fazem filas. É outro público. Quando chega às 23h, acaba tudo. A polícia já está na rua, tem cavalaria e carros de polícia, então saem em silêncio. Em meia hora, tudo fica calmo”, conta.

Os moradores têm buscado soluções por meio dos canais oficiais da prefeitura, mas, segundo Cida, seguem sem respostas. “O bairro todo já ligou para o 156, ninguém atende. Dizem que o clube tem alvará e eles não podem fazer nada”, acrescenta.

O que diz a prefeitura de Curitiba

Em nota enviada à Tribuna, a Prefeitura de Curitiba, por meio das Secretarias de Urbanismo e de Defesa Social e Trânsito, informou que a realização de grandes eventos na cidade depende da emissão de alvarás, que devem ser solicitados com pelo menos 30 dias de antecedência. A análise é feita por uma comissão multissetorial, a Comissão de Análise de Grandes Eventos (Cage).

Veja a nota da prefeitura na íntegra sobre as situações dos moradores:

“Essa determinação visa, garantir a segurança do evento, em quesitos como as estruturas utilizadas, a limpeza, anuências das forças de segurança e Corpo de Bombeiros. Em relação ao volume sonoro, o alvará determina horários-limite para o som mais alto, somente nos horários do show. Nos eventos de segunda a sexta-feira, a recomendação é que terminem até as 23h; às sextas, sábados e vésperas de feriado, até 1h; domingos e feriados, até às 22h.

Em relação às alterações no trânsito nas proximidades do local do evento, agentes da Setran atuam para organizar os pontos de bloqueio e o trânsito nas vias mais movimentadas no entorno dos locais dos shows, estando, em todas as situações, devidamente identificados e com viaturas caracterizadas. 

Os agentes de trânsito também realizam fiscalizações do início ao término dos shows, com base nas demandas feitas pela população pela Central 156 e também nos pontos de bloqueio, autuando e removendo veículos estacionados irregularmente no entorno do estádio Couto Pereira. Ações no perímetro interno dos bloqueios cabem à Polícia Militar e ao Batalhão de Polícia de Trânsito. 

Para facilitar a dispersão do público após os shows, em vários eventos realizados na cidade, os organizadores do evento pagam a passagem de volta do público em linhas em ônibus da Urbs fretados, em rotas que facilitam o retorno para casa. A Prefeitura informa que realiza a fiscalização a partir de demandas da população e reforça que os cidadãos registrem seus pedidos via Central 156 (por aplicativo, site ou telefone)”.

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