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Policiais acusados de tortura podem ser afastados

O coronel Roberson Luiz Bondaruk, comandante da Polícia Militar no Paraná, assinou na manhã desta sexta-feira (4) uma portaria que instaura um processo disciplinar de afastamento de dois policiais militares acusados de tortura no início de março.

De acordo com ele, um Inquérito Policial Militar foi encerrado e obteve provas robustas de que os policiais, que não tiveram os nomes divulgados, abordaram Ismael Ferreira da Conceição na região onde era instalada a primeira Unidade Paraná Seguro, no Uberaba, e levaram o rapaz para um módulo policial no Cajuru, onde ele foi torturado por várias horas.

Em até 30 dias, uma comissão irá analisar a vida profissional dos policiais e o incidente com Ismael, e irá decidir se eles serão desligados ou não da corporação. “Há poucas chances de que eles não sejam excluídos. Temos indícios de abuso de autoridade e tortura, são provas robustas”, ressalta o coronel. Atualmente, os policiais estão afastados das atividades.

Bondaruk explicou ainda que a lei estadual que obriga o ensino da história da população afro descendente nas escolas será expandida para os cursos de formação de policiais. Haverá um trabalho permanente para que denúncias de racismo e discriminação sejam apuradas.

“Queremos deixar claro que a Polícia Militar não compactua com este tipo de atitude, que vai na direção contrária da nossa filosofia de policiamento comunitário e direitos humanos. A polícia existe para preservar a ordem, não para burlá-la”, afirma o comandante.

Tortura

Ismael trafegava de bicicleta pelo Uberaba quando foi abordado. “Eles o confundiram com um ladrão que procuravam, porque Ismael é negro”, explica o advogado da comissão do Movimento Negro de Curitiba, André Luiz Nunes da Silva.

O rapaz foi agredido e submetido a choques elétricos dentro do módulo policial, e passou horas dentro do porta-malas da viatura até ser abandonado perto de casa, com vários hematomas e queimaduras pelo corpo. A família dele foi ameaçada para não denunciar o abuso.

Sabendo do fato, o Movimento Negro e a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil procuraram a Polícia Militar para pedir providências. “Não queríamos só que fossem apurados os fatos, mas que fossem também implementadas políticas públicas para que isso não ocorresse mais”, conta André.

Carnaval

Outra sindicância que está em andamento na Polícia Militar é a que apura abuso de autoridade de policiais que participaram da confusão com foliões no carnaval, no Largo da Ordem. Pelo menos quatro pessoas foram hospitalizadas, e várias outras tiveram ferimentos leves.

Bondaruk pede que mais testemunhas da briga compareçam no Quartel General para ajudar na apuração dos fatos, feita através de outro Inquérito Policial Militar. “Duas testemunhas já foram ouvidas, mas o relato delas ainda não é suficiente para esclarecer os fatos”, esclarece.