Oito pesquisadores ligados a um projeto de pesquisa desenvolvido no Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) participam de pesquisas na Antártica a partir deste mês de novembro. A expedição tem como objetivo a coleta de água do mar e de sedimentos da Baía do Almirantado para avaliar as mudanças ambientais na região. O grupo integra o projeto “As múltiplas faces do carbono orgânico e metais no ecossistema antártico” (CARBMET), realizado em parceria com o Instituto Oceanográfico da USP e o Departamento de Oceanografia da UFBA.
O trabalho de campo será executado por duas equipes de quatro pesquisadores cada. O primeiro grupo embarcou para o destino na terça-feira (1.º) e retornará ao Brasil no dia 23 de dezembro. Já o segundo, viaja no ano que vem, dia 23 de janeiro, e permanecerá no continente gelado realizando coletas até o dia 15 de março.
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Durante este período, os cientistas irão coletar amostras de água e de sedimentos, além de iniciar o processamento deste material para estudar o ciclo do carbono orgânico e da produtividade marinha.
Segundo o coordenador geral do projeto, professor César de Castro Martins, fazer esse acompanhamento sob diferentes condicionantes ambientais e em diferentes períodos do ano permite entender como o ecossistema local deve responder às variações de temperatura no futuro, como resultado do aquecimento global.
Martins explica que as coletas desta expedição permitem avaliar a qualidade ambiental da região nos dias atuais, bem como estabelecer comparações com as condições ambientais pretéritas. “As amostras de água funcionam como uma ‘fotografia’ do que está acontecendo no ambiente no momento da coleta, enquanto as amostras de sedimento superficial representam um ‘filme’ dos processos que ocorreram em uma escala de tempo, por exemplo, nos últimos dois a cinco anos”, afirma.
Início do projeto
A primeira viagem à Antártica foi realizada pela equipe do projeto entre janeiro e fevereiro de 2020 e, naquela ocasião, os pesquisadores conseguiram avaliar apenas uma pequena parte do período do verão. A proposta agora é realizar quatro coletas em períodos distintos: fim da primavera; início, metade e final do verão, para avaliar a variabilidade do ciclo do carbono orgânico em uma curta escala de tempo, bem como compreender de que forma este ciclo responde ao aumento gradual de temperatura.
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De acordo com o professor, a produtividade primária marinha é cíclica, e o estudo permitirá entender como os organismos marinhos reagem a determinadas condicionantes. “No inverno e outono, a produtividade primária reduz a níveis baixíssimos devido ao congelamento dos mares e temperaturas negativas, enquanto na primavera e no verão, há uma explosão de vida e os organismos se desenvolvem. O objetivo é entender como a matéria orgânica produzida ao longo deste período varia frente as condicionantes ambientais como temperatura”.
Em agosto, os pesquisadores realizaram um treinamento pré-antártico para aprender a lidar com condições adversas, como frio, que serão vivenciadas durante as coletas. Ainda, os pesquisadores foram submetidos a testes de esforço físico, além de receber informações sobre o funcionamento das embarcações de coleta e da estação de pesquisa.