Paralisação parcial

Motoristas voltam ao trabalho após greve parcial de ônibus em Curitiba e RMC

Foto: Aniele Nascimento.

Quem precisou de ônibus na manhã desta quarta-feira (21) pode ter sido prejudicado por conta da greve parcial dos motoristas e cobradores que pararam nas empresas que não pagaram o 13º salário por completo. Até o final da manhã, muita gente acabou surpreendida nos terminais de ônibus e também nos pontos espalhados nos bairros que são atendidos pelos alimentadores.

No final da manhã, uma assembleia definiu que os trabalhadores voltariam às atividades na Viação São José Filial, a maior empresa que teve as atividades dos funcionários paralisadas. A empresa atende 27 linhas nas regiões do Centro de Curitiba, Leste e Sul da capital, além de bairros de São José dos Pinhais.

“Eu não sabia da greve. Mas quando cheguei aqui, soube que não poderia voltar para a casa com o mesmo ônibus que vim (o ligeirinho)”, disse uma usuária do transporte público entrevistada pela Tribuna do Paraná, mas que não quis se identificar. Antes da assembleia, o transporte com o ligeirinho, no sentido ao bairro Boqueirão, não estava funcionando. “Somente no sentido ao Centro”, alertou a cobradora.

A surpresa também pegou outras pessoas, que não se atentaram às linhas que aderiram à greve e acabaram tendo de se virar com outros ônibus. “Os alimentadores, aqueles alaranjados e amarelos, não estavam funcionando. Tivemos que alertar vários usuários, que não sabiam da greve e esperavam pelos ônibus nos pontos”, contou um funcionário da Urbanização de Curitiba (Urbs), no Terminal do Carmo.

A volta ao trabalho dos funcionários da Viação São José se deu depois de uma promessa de pagamento feita pelos representantes da empresa ao sindicato que representa a categoria, o Sindimoc. Conforme o presidente do sindicato, Anderson Teixeira, o acordo feito foi para pagamento integral da segunda parcela do 13º ainda nesta quarta e quitação do adiantamento quinzenal até a próxima sexta-feira (23).

Além da Viação São José, a empresa Araucária Filial, que também opera em Curitiba, teve as atividades paralisadas. Neste trecho, apesar de muitos usuários terem reclamado, o transtorno foi menor porque apenas metade da frota parou, já que as linhas são compartilhadas com a Expresso Azul, empresa que os funcionários não pararam.

Outra empresa, a Araucária Matriz, que atende 33 linhas em Araucária, Campo Largo e Contenda, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), se comprometeu a pagar os valores até o começo da tarde desta quarta-feira e, por isso, a circulação foi normalizada ainda pela manhã. As linhas dessa empresa chegaram a ser atrasadas, mas depois os motoristas e cobradores decidiram trabalhar normalmente.

Funcionários da Viação Tindiquera estão de braços cruzados. Foto: Agência Confraria.
Funcionários da Viação Tindiquera estão de braços cruzados. Foto: Agência Confraria.

Tudo parado

Ainda em Araucária, os funcionários da Viação Tindiquera não trabalharam. Por lá, as 54 linhas que atuam somente no município da RMC não saíram pela manhã. Representantes do Sindimoc devem se reunir com os empresários para discutir um acordo. Por lá, o sindicato avalia uma solução mais complicada porque parte das contas do órgão responsável pelo pagamento estão bloqueadas pela Justiça.

Usuários afetados

A Urbs informou, através de nota, que cerca de 40 mil pessoas foram afetadas pela greve. Na Viação São José Filial, dos 100 ônibus da empresa, metade opera em rotas compartilhadas. Os outros 50 operam em linhas isoladas.

Conforme a Urbs, os passageiros poderiam optar por linhas semelhantes operadas por outras empresas, mas não foi especificado quais seriam essas opções. A Urbs informou que já pagou às operadoras do transporte coletivo cerca de R$ 20 milhões desde fevereiro na tarifa técnica – quantia repassada para cobrir o 13º terceiro. Ainda conforme o órgão, nesta quarta-feira, começaria a regularização dos repasses de parcelas em atraso para as empresas operadoras do transporte coletivo pelos serviços prestados.

Segundo o Setransp, o atraso salarial foi provocado pelo atraso nos repasses dos valores devidos pela Urbs. O sindicato patronal afirma que o débito até a última terça-feira estava na ordem de R$ 3,8 milhões – montante acumulado desde o último dia 14 deste mês. A prefeitura, por sua vez, admitiu os atrasos e disse que ocorreram pela falta de recursos em caixa provocada pela redução nas vendas de crédito transporte, “o que está diretamente ligado aos índices de desemprego”, afirmou a nota.