Série especial Consegs

Mais de 100 câmeras afastam a violência no bairro Jardim Social

Foto: Jonathan Campos / arquivo Gazeta do Povo.

Um dos bairros mais nobres de Curitiba e que já foi conhecido como Morro do Querosene no século XIX, orgulha-se por ser referência no trato da segurança pública. A credibilidade alcançou outras cidades do Brasil com o trabalho em projetos que ajudaram a calma da área residencial permanecer serena ao longo do dia e da noite. Apesar dos bons números, o Conseg Jardim Social segue atento a problemas que rodeiam a região como o trânsito pesado da Linha Verde e a qualidade de empresas que prestam serviço de segurança em residências.

A implantação do Conselho Comunitário de Segurança no Jardim Social ocorreu em 2017, ano em que um grupo de moradores voluntários reforçou o desejo de organizar propostas na área da segurança pública. A partir disso, os vizinhos avaliaram que a prevenção do delito seria a melhor solução, e implementaram o Projeto Câmera Panorâmica com Conexão as Autoridades. Atualmente, são 105 câmeras instaladas em diferentes pontos do bairro e suas imagens disponibilizadas para acesso em tempo real à Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP) e a Polícia Militar (PM).

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O projeto é uma contribuição direta dos moradores do bairro que instalam câmeras em suas residências que permitem identificar suspeitos por meio de aplicativo de celular e acionar as forças policiais em caso de necessidade. As imagens ficam à disposição da SESP por sete dias, não gerando nenhum custo para o poder público.

“O Conseg do Jardim Social vem se destacando por ser pró-ativo, detentor de grande credibilidade e tornou-se referência estadual, com seus editais e projetos copiados não só no Estado do Paraná, como em outros Estados e cidades do Brasil. No site da Coordenação Estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança (CECONSEG), tem a referência do Projeto Câmera Panorâmica com Conexão às Autoridades. O Projeto foi acompanhado e assessorado tecnicamente com apoio da Polícia Federal, da SESP e do Ministério Público (MPPR). O resultado desse trabalho foi o lançamento de um edital, onde empresas de segurança que cumprissem os requisitos técnicos e legais poderiam se inscrever para o fornecimento dos serviços de videomonitoramento”, diz a nota do Conseg Jardim Social enviado para a Tribuna do Paraná.

Além dessa ação mais conhecida pela comunidade, o Conseg promove outras estratégias contra o crime como grupos de alerta e emergências em redes sociais, reativação do módulo na Praça Villa Lobos, campanhas de conscientização sobre a importância de contratar empresas de vigilância privada devidamente cadastrada na Polícia Federal. Aliás, essa é considerada uma das grandes preocupações do Conselho, pois o “barato pode sair caro”.

“Um olhar atento aos prestadores desse tipo de serviço no bairro é uma constante. A grande maioria das empresas que prestam serviço de segurança em Curitiba é irregular, sem autorização ou qualificação para exercer a função. Muito se tem discutido em nossas reuniões sobre essas empresas clandestinas que vendem serviços de segurança privada, rondas, sem estarem em condições legais para isso. Muitas são empresas de fachada que fazem propaganda enganosa em sites levando o contratante ao erro. De acordo com dados recentes, temos em Curitiba mais empresas clandestinas que legalizadas. Isso se torna um enorme problema. Por isso é dever e obrigação do Conseg manter o morador bem informado. O que temos é que informar o cliente para exigir a autorização de funcionamento que é emitida pela Polícia Federal”, relatou a nota do Conseg.

“Vigilante Autônomo”

O Conseg Jardim Social é totalmente contrário o trabalho do vigilante autônomo, pois pode acarretar adversidades em uma ação que venha a necessitar uma pessoa treinada e especializada.  “Essa função não existe, uma vez que o profissional de segurança deve estar registrado numa empresa especializada. Outro alerta é relacionado a questões trabalhistas. A contratação de seguranças sem registro pode resultar em ações trabalhistas passíveis de indenizações em casos de morte ou acidente, pois a empresa regular é responsável por seus funcionários.

O profissional também deve possuir certificado de conclusão do curso de formação para vigilantes, devidamente registrado na Polícia Federal, inclusive ser registrado na Delegacia Regional do Trabalho e possuir a Carteira Nacional do Vigilante para exercer a atividade. Além disso, sem esse vínculo com uma empresa regularizada, não há garantia da idoneidade do trabalhador que atua como segurança, podendo apresentar riscos para os moradores da casa, da rua e até mesmo ao bairro no qual o suposto vigilante atua. A solução para isso é informar as pessoas que o ‘baratinho’ sai caro”, comunicou o Conseg Jardim Social.

Trânsito da Linha Verde

A proximidade com a Linha Verde também preocupa os moradores do Jardim Social. Sendo um dos acessos para um trecho pesado da via, caminhões utilizam as ruas tranquilas do bairro e teriam causado acidentes e prejudicando a infraestrutura do bairro, que é fundamental para a segurança. “Devido ao alto fluxo e movimento na Linha Verde, os desvios do trânsito tem sido feito para dentro do bairro. Isso ocasionou problemas sérios na infraestrutura, pois caminhões de carga pesada, com contêineres acima da altura permitida engatam na fiação elétrica danificando postes, esburacando as ruas e avenidas. Nossas ruas são largas e por ser um bairro residencial encontramos crianças brincando nas calçadas e famílias passeando”, reforçou o Conseg em nota.

São 19 Consegs espalhados por Curitiba

Curitiba conta com 19 Consegs espalhados pela capital atuando para resolver os problemas nas regiões, que são variados: desde ondas de arrombamentos, problemas com jovens, tráfico de drogas, praças e parques que viraram mocós. Anos de atuação fizeram dos Consegs ferramentas especiais para compreender as necessidades de cada um dos bairros da capital.

Por isso, a reportagem da Tribuna do Paraná entrou em contato com cada um deles para entender as dificuldades de cada região. Como é feito esse trabalho em Curitiba você acompanha na série de reportagens feita exclusivamente pelos repórteres da Tribuna Alex Silveira, Gustavo Marques e Eloá Cruz.

Onde achar o Conseg?

Caso queira ir em um Conseg próximo de casa para ser voluntário ou mesmo para fazer uma reclamação ou pedido, procure no site da Ceconseg o conselho mais perto da sua região, ou entre em contato via e-mail ( conseg@sesp.pr.gov.br) e telefone  (41) 3299-7928.

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