E o povo, como fica?

Empresários jogam treta da tarifa cara de R$ 6,00 de Curitiba para a prefeitura

Foto: Francielli Xavier/Especial para a Tribuna do Paraná

O diretor da Auto Viação Redentor, Angelo Gulin Neto, e também vice-presidente do Setransp (Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba) afirmou que o valor da passagem é estabelecido pela Prefeitura de Curitiba. Ele participou de uma reunião técnica nesta terça-feira (30) junto a Comissão Especial Para Discutir o Novo Contrato do Transporte Coletivo – Tarifa Zero, da Câmara dos Vereadores.

Angelo Gulin Neto foi o segundo representante das empresas de ônibus a ser ouvido pelo colegiado especial, que tem 120 dias para elaborar um relatório que possa contribuir com a nova licitação do serviço público.

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A agenda foi uma uma continuidade das reuniões técnicas iniciadas no começo deste mês. Instalada em abril, a comissão temporária ouviu o engenheiro Edilson Miranda, que apresentou uma proposta para a implantação da tarifa zero em Curitiba; o presidente da Urbs (Urbanização de Curitiba), Ogeny Maia Neto, que defendeu a implantação da “governança” a fim de reduzir os custos do sistema; e o diretor da Auto Viação São José, Dante Franceschi Filho, que argumentou pela manutenção do subsídio para custeio do sistema. 

Segundo Angelo Gulin Neto, a Redentor é responsável por 70% da operação do consórcio. Assim como o diretor da Viação São José, na última reunião do colegiado, ele foi sabatinado pelos vereadores sobre a operação do sistema, sobre os custos da tarifa e sobre as alternativas para redução do valor da passagem de ônibus.

“Temos as linhas, tabelas, veículos, todos determinados pelo órgão gestor [Urbs]. Esse órgão já dá o custo para nós do sistema. A partir do momento em que ele dá o caderninho para a gente e fala ‘cumpra’, ele sabe o quanto está mandando a gente fazer e o quanto a gente está mandando [de recursos] para gastar por aquilo. A grande discussão nossa nunca foi a tarifa. A grande discussão é ‘o custo que vocês estabeleceram pelo sistema que precisa ser cumprido’. Se ele custa R$ 30, R$ 40, R$ 50, R$ 60, R$ 70, R$ 80, R$ 90 milhões, são vocês que estabelecem este custo. E nós queremos receber o custo que vocês estabeleceram pelo sistema”, disse Gulin Neto, ao ser questionado por Rodrigo Reis (União), sobre o motivo de Curitiba ter uma passagem “tão cara”, mesmo oferecendo um serviço de qualidade. 

Não adianta “colocar uma tarifa zero”

Presente na reunião, assim como na última realizada pela Comissão Especial do Transporte, quando o diretor da Viação São José foi ouvido, Luiz Alberto Lenz César, diretor executivo da Setransp, argumentou que a tarifa social vai variar conforme quanto cada município se “predispõe a colocar em subsídio” no seu sistema de transporte público. Ele também alertou que não adianta “colocar uma tarifa zero”, porque ela levará mais pessoas para os ônibus, o que vai demandar mais investimentos, e, se não houver recursos para investir em mais linhas e mais veículos, uma hora “chegará o ponto em que vai ser necessário aumentar a tarifa”. 

“A tarifa [social], quem faz é o município. A tarifa e a diferença do subsídio, quem faz são vocês. Quanto maior o subsídio ao passageiro, menor é a tarifa para o passageiro [social]”, emendou o diretor da Viação Redentor. Ao ouvir exemplos de São Paulo (SP) e de Araucária (PR), cujas passagens de ônibus pagas pelos usuários são mais baratas que a de Curitiba, ele respondeu que isto ocorre porque o subsídio aportado por cada município é maior – resguardando-se os respectivos orçamentos e tamanho do sistema do transporte coletivo de cada cidade. 

Indagado por Giorgia Prates – Mandata Preta (PT) se as empresas de ônibus procuraram a Prefeitura de Curitiba para tentar uma redução do custo da passagem para o usuário, o vice-presidente da Setransp voltou a enfatizar que a tarifa técnica é calculada pela Urbs e que não há espaço para reduzi-la. “Não existe outro mecanismo de baratear a tarifa neste momento, de imediato. A única maneira é aumentar o subsídio. Se [a prefeitura] pagar R$ 2,20 ao passageiro, a tarifa vai ser R$ 5,00. Se a pagar R$ 3,20 ao passageiro, a tarifa vai ser R$ 4,00. Simplesmente é assim que funciona.” 

Mais investimentos

“O único divisor para melhorar o custo do sistema é o passageiro”, completou Angelo Gulin Neto, ao argumentar que a tarifa só será menor com mais pessoas circulando nos ônibus da cidade. Para trazer mais pessoas para o transporte coletivo, continuou ele, ao responder o presidente do colegiado, Herivelto Oliveira (Cidadania), é preciso melhorar o sistema viário da capital, com a ampliação do número de vias exclusivas, e o fim dos “gargalos viários que travam os ônibus, principalmente nas pontas dos bairros”. 

“O pessoal acha que é inseguro o sistema de transporte. [Pede] mais velocidade [de deslocamento para pegar o ônibus no ponto/estação tubo]. Não adianta ter o melhor veículo do mundo se o ponto está caindo. […] O percurso do transporte não é simplesmente a viagem de ônibus”, afirmou o diretor da Viação Redentor ao vereador Jornalista Márcio Barros (PSD). Para ele, é preciso um sistema mais rápido. “A pessoa, a partir do momento que ela entra num biarticulado, num expresso, ela tá tranquila, ela sabe que vai ter velocidade, que vai chegar [no trabalho, em casa]. Mas ela precisa chegar até aquele momento. E esse primeiro elo de ligação é algo que precisa ser melhorado dentro do transporte.” 

A Comissão do Transporte

Formada por oito parlamentares, a Comissão Especial do Transporte foi criada a partir da iniciativa de Herivelto Oliveira, eleito presidente do colegiado. Serginho do Posto (União) foi escolhido vice-presidente. A relatoria está com Bruno Pessuti (Pode) e a vice-relatoria com Dalton Borba (PDT). Também são membros os vereadores Giorgia Prates – Mandata Preta, Jornalista Márcio Barros, Professor Euler (MDB) e Rodrigo Reis. 

A partir das entrevistas, reuniões e visitas técnicas, o colegiado pretende reunir elementos técnicos que possam ajudar na elaboração da futura licitação do transporte coletivo de Curitiba. A atual concessão do serviço público vence em 2025. O grupo tem o prazo de 120 dias para elaborar um relatório.

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