Dia de calmaria

Em manifestação pacífica e sem feridos, servidores municipais lamentam aprovação do pacotaço

Nesta quarta-feira, os servidores se reuniram na Praça 19 de Dezembro e seguiram em passeata até a Prefeitura. Foto: Gerson Klaina

Ao contrário do primeiro dia de manifestações dos servidores municipais por causa da votação do pacotaço do prefeito Rafael Greca (PMN), que acabou com pelo menos 24 pessoas feridas, a terça-feira (27) foi mais tranquila. Os funcionários públicos seguiram em caminhada até a frente da Prefeitura de Curitiba, onde protestaram e ficaram reunidos até o começo da tarde. Não houve registro de nenhum ataque ou confronto entre os manifestantes e policiais. O pacotaço foi aprovado em segunda votação nesta terça.

A concentração dos servidores foi na Praça 19 de Dezembro, conhecida também como Praça do Homem Nu. Lá, os trabalhadores já sabiam que o pacotaço poderia ser aprovado em definitivo neste segundo dia de votações. “Por isso, agora vamos focar em denunciar e cobrar a responsabilidade destes vereadores e prefeitos”, explicou Rafael Furtado, diretor do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac).

“Greca mentiroso” foi a frase mais ouvida enquanto os servidores caminhavam pela Avenida Cândido de Abreu. Segundo quem trabalha para a prefeitura, Rafael Greca não cumpriu várias promessas de campanha política, entre elas a de que não mexeria no plano de carreira da rede municipal e também a de que chamaria pelo menos 400 guardas municipais que passaram em concurso. “Muita gente se iludiu e tem muita gente que se ilude com os políticos de modo geral. Greca está mostrando isso. Eles (os políticos) prometem e falam tudo, mas na hora de cumprir, não fazem o que prometeram”.

Nem mesmo as cordas colocadas em frente à Prefeitura de Curitiba, impediram que os servidores municipais ocupassem as duas rampas de acesso ao prédio central. Fechado e com poucos guardas municipais no interior, ninguém conseguiu ter acesso à parte de dentro da prefeitura. Depois de um ato e de um registro, a concentração dos trabalhadores foi na praça ao lado do prédio.

O diretor do Sismmac, por sua vez, prometeu que além de denunciar o pacotaço, considerado como uma retirada de direitos dos servidores, os sindicatos agora também vão pedir a anulação da série de ajustes fiscais proposta. “Os vereadores, a gente já viu que não respeitam a Constituição. Queremos ver se a Justiça vai respeitar. Vamos pedir a anulação”.

Greve continua?

Segundo avaliação do próprio diretor do sindicato dos servidores do magistério, ainda não é certo que a greve continue nos próximos dias. “Percebemos que não temos mais a consciência de antes, mas já estamos nessa luta há três meses”. Uma assembleia, no meio da tarde desta terça-feira, deve definir se continuam parados ou não.

Na sexta-feira (30), quando está programada uma greve geral em todo o Brasil, é certeza de que todos os servidores municipais também vão parar. “Estaremos todos juntos, contra a reforma da previdência e a reforma trabalhista, porque o que está acontecendo em Curitiba também está acontecendo em todo o país”, considerou Rafael Furtado.