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Barragem Miringuava vai aumentar capacidade de armazenamento de água em 25,3%

Vista aérea da Barragem do Miringava.
Vista aérea da Barragem do Miringava. Foto: André Thiago Chaves / Sanepar

A construção da Barragem Miringuava, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba está em fase final de conclusão (97%), mas as condições climáticas é que irão definir quando a obra vai estar pronta. A previsão de término era dezembro de 2020, mas teve o prorrogado para março de 2021, no entanto, com as chuvas do fim do ano e do primeiro trimestre, a entrega teve que ser novamente postergada.

A Barragem Miringuava começou a ser viabilizada em 2015, mas teve o serviço interrompido por irregularidades licitatórias e até mesmo contestação de problemas na obra. No início de 2020, os trabalhos começaram a ocorrer com mais velocidade e tratando-se de uma construção de grande porte e de certo ponto complexa, a estrutura precisa garantir muita segurança, pois a barragem terá capacidade de 38 bilhões de litros de água, o que corresponde ao volume de 15.282 piscinas olímpicas. A obra vai beneficiar 650 mil pessoas com custo estimado de R$ 160 milhões.

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As estruturas de concreto armado estão 97% concluídas e servem para captação da água, regularização da vazão, vertedor (que permite extravasar de forma segura o volume excedente em períodos de cheias) e galeria de desvio que amortece o impacto da água. Nessa parte foram utilizadas 320 toneladas de aço. Também já foram instalados cerca de 50% dos equipamentos, que devem estar concluídos até maio.

Na atual fase, estão em andamento a construção do aterro compactado do maciço da barragem, que é a estrutura que faz o barramento propriamente dito da água. O maciço é formado por várias camadas horizontais de aterro compactado, com altura de 29 metros. Para a construção do maciço, no total, serão feitas 21.300 viagens de caminhões caçamba com 298.400 metros cúbicos de material.

Foto: André Thiago Chaves / Sanepar

Ajuda de São Pedro para que não chova!

Diferente das outras barragens, que precisam de chuva na região para aumentar o nível no reservatório, em Miringuava é bom não chover. A umidade do solo é determinante para a execução das obras dentro dos critérios técnicos do projeto de engenharia, possibilitando segurança e estabilidade da barragem. No projeto, a especificação determina que o aterro seja executado com umidade de até 2% acima da umidade ótima (piso completamente seco).

Nos últimos meses de 2020 e no primeiro trimestre de 2021, as chuvas acabaram causando atrasos. Em dezembro, por exemplo, os intervalos entre as chuvas foram de três a quatro dias, e na primeira quinzena de março, praticamente não houve descanso para o solo. Esse espaçamento curto entre as chuvas impede a secagem do solo e a movimentação da terra.

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Um exemplo, uma chuva de apenas cinco milímetros requer dois ou três dias de sol para que a condição de umidade esteja dentro do índice especificado no projeto. “De forma diferente das quatro barragens que já estão em operação no Sistema de Abastecimento de Água Integrado de Curitiba e Região Metropolitana (SAIC), onde a Sanepar comemora qualquer precipitação, neste momento da obra, qualquer volume de chuvas no Miringuava acaba prejudicando as obras. Na execução do maciço, a baixa umidade é crucial. E seguimos à risca todas as normas de segurança de construção de barragem”, explicou a diretora de Investimentos da Sanepar, Leura Conte de Oliveira.

Além da umidade, outros processos estão em andamento como a licitação da supressão vegetal e o resgate de fauna e da flora da área a ser inundada. A construção do sistema viário ao redor da barragem já está licitada e o enchimento da barragem vai depender das condições climáticas.

Histórico e crise hídrica

Foto: André Thiago Chaves / Sanepar

A Barragem Miringuava, uma represa no rio de mesmo nome, é considerada uma das obras mais importantes do governo do estado para aumentar a capacidade de fornecimento de água na região de Curitiba, que sofreu ano passado, a pior crise hídrica da história. Os reservatórios formados pelas barragens Iraí, Passaúna, Piraquara I e Piraquara II estavam com apenas 24,4% do volume de água.

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Rodízios no abastecimento, captação em pedreiras e até o uso de avião “que faz chover” foram estratégias utilizadas pela Sanepar, empresa responsável pelo abastecimento de água no Paraná. Atualmente, o nível dos reservatórios é próximo de 60% e segue um escalonamento na distribuição de água nos municípios com 60 horas de fornecimento e 36 horas com suspensão. Com a nova barragem, a capacidade no abastecimento dobraria de 1 mil litros por segundo para 2 mil litros por segundo e vai ajudar a evitar que tenhamos rodízio de água novamente.