Níver da esperança

Curitiba completa 328 anos e a população renova sua fé com a chegada de mais vacinas

Curitiba chega aos 328 anos de sua fundação. Numa época em que tudo segue indefinido por causa da pandemia da covid-19, a esperança por dias melhores é algo que motiva os curitibanos. A vacinação vai chegar nesta semana pra turma dos sessenta anos e, nas redes sociais, já se percebe a alegria dos curitibanos que estão com parentes próximos já imunizados contra a covid-19.

Leitores aceitaram o desafio da Tribuna e encaminharam registros destes momentos tão esperados por todos nós. José, Catarina, Alcides, Airton, Lauro, Sandra, Maria Clarisse, Joana, Jucyra, Maria Elena, Silmara, entre muitos outros compartilharam o sentimento de alegria, formando uma corrente de otimismo de que tudo vai dar certo.

E foi emocionante. As fotos que recebemos vieram de todos os lados, de gente com quem não conversávamos há tempos, de desconhecidos, de colaboradores da própria Tribuna. Mas, acima de tudo, todas as fotos vinham com um sorriso, uma frase de satisfação, um sentimento de alegria que aqueceu o coração de quem enviou a imagem e também do nosso coração, já judiado de noticiar tanta coisa ruim. É um sopro de esperança. Confira abaixo!

Com todo o respeito, mas sem medo de parecer exagerados, falta humanidade em quem não se comoveu pelo menos uma dezena de vezes nessa pandemia. Histórias muito tristes, perdas incríveis, insubstituíveis. Dores, decepção, luto. Mas também vimos o impossível acontecer. Na recuperação improvável, no ato de bondade gratuito, da mobilização em uma corrente do bem de doação de tempo, esforço e dinheiro para ajudar nossos semelhantes.

A capital paranaense ainda está longe de atingir o 100% de imunizados de adultos e chegou a apenas 179.841 primeiras doses aplicadas até este sábado (27), mas, como toda criança que precisa engatinhar, levantar e cair para depois caminhar com mais segurança, faz parte do processo. Com isso, a população já começa a projetar ideias para depois do período da pandemia.

Sabe aquela vontade de ir para o centro da cidade e dar uma volta? Certeza que em algum momento você teve vontade de passear sem medo pela Rua XV, andar calmamente pela Marechal Deodoro, ir na Feira do Largo da Ordem, comer um Pernil com verde no Triângulo, tomar um chopp com “bago de boi” no Stuart, ver as cores, aromas e o movimento do Mercado Municipal e comer um pastel na Brasileira.

Sem falar da noite com seus incontáveis botecos, sua vida cultura pujante, desde as apresentações do Fringe do Festival de Teatro de Curitiba, com artistas locais, ou mesmo as aventuras de algum artista de fora que vem pra cá “sentir” se a turnê vai ter sequência após passar pelo rigoroso humor do curitibano.

Aliás, ainda se fala do jeito frio do morador de Curitiba. Com a pandemia do coronavírus isso até ficou em segundo plano, mas virou piada quando uma das medidas mais importantes contra o vírus era manter distanciamento, não cumprimentar com apertos de mão e ter pouco papo. O bom dia para o vizinho no elevador ou mesmo a tradicional pergunta se vai chover no dia precisaram ser deixados para trás.

No entanto, algumas coisas permanecem firmes no pensamento do bom curitibano que fala vina, que torce por um time do trio de ferro, que defende os parques da cidade, que tem a capivara como amiga, símbolo da cidade, e até tenta comer um exótico rollmops quando recebe alguém de fora.

E nos bairros então, não queremos deixar a nossa rua por nada. Sabe aquela situação? Fui criado na Barreirinha ou no Santa Quitéria, Champagnat ou Bigorrilho? É muito curitibano ficar próximo da nossa criação e ainda falam que somos frios. Será?

A vacina também vai proporcionar o retorno de encontros que hoje estão proibidos. Shows na Pedreira Paulo Leminski e nas Ruínas do São Francisco com a turma do rock, nas praças com apresentações solitárias do homem prateado, do sombra, da borboleta 13 (tenho certeza que você leu “borboleta 12” repetindo em voz baixa o inconfundível timbre da vendedora da “sorte” da XV), do Plá com seu violão e claro, do Oil Man todo besuntado de óleo com sua bicicleta. Ir no Parcão aos domingos ensolarados apenas para ver a vida passar, ou até mesmo sair com amigos na Trajano.

O curitibano Rafael Greca, prefeito da cidade, reforça a ideia que é preciso ter paciência e força para superar as adversidades atuais. “Vivam muitos anos de vida na sua cidade e sejam gente resilientes, solidários, inteligentes e que saibam viver. Enquanto o mundo inteiro não estiver imunizado, nós não estaremos seguros. Estou vendo com alegria a vacinação e peço paciência, animo e força. Vai passar”, disse Greca.

O ano não foi fácil. A pandemia chegou em março de 2020, segue um ano depois em março de 2021, mas existe aquela luz no fim do túnel, de que tudo isso vai passar. Em breve, esperamos, que os curitibanos possam voltar à normalidade, respeitando aqueles familiares e amigos que perderam a luta para a doença, mas de uma forma positiva contribuindo para manter Curitiba como uma cidade com um povo unido, amigo, caloroso e de muito otimismo.

Parabéns Curitiba seus 328 anos, fica um abraço de toda a equipe da Tribuna.