23 dias fechados

Comércio não essencial de Curitiba se esforça para se recuperar de lockdown

Movimento em Curitiba nesta segunda-feira (5), com o retorno da Bandeira Laranja. Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná.

Depois de 23 dias de lockdown por causa da bandeira vermelha, o comércio não essencial de Curitiba volta a abrir a portas nesta segunda-feira (5). Ainda com restrições da atual bandeira laranja, o dia foi de reorganização para muitos empresários, principalmente dos ramos de salão de beleza e de lojas de roupas e calçados.

Na semana passada, o drive thru estava permitido, mas, para esse tipo de comércio, não era algo que, na prática, os permitisse trabalhar de fato. Nesta semana, a expectativa é recuperar o tempo perdido. A reportagem esteve nas ruas das Mercês, na tarde desta segunda-feira. Embora o trânsito estivesse movimentado, não havia tanta gente circulando pelas calçadas.

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“No mês passado, trabalhamos três dias, eu e meu marido. Como é que faz para sustentar dois filhos? Foi um ano de muitas negociações. As contas vêm, não param. A gente entende que a parada foi um período necessário, mas espero que as pessoas tomem consciência e sigam os protocolos de saúde daqui para frente”, torce a Andreza Pliskieviski Zapelaro, 43 anos.

A Andreza Zapelaro conta que o marido tem uma barbearia, vizinha ao salão dela e ao Hospital Nossa Senhora das Graças. Ela mantém o salão há 11 anos na região das Mercês. Os dois ficaram esperando com ansiedade o novo decreto da bandeira laranja sair em Curitiba. O aniversário da Andreza foi na sexta-feira (2) e, segundo ela, o presente veio no sábado (3). “Ficamos aguardando para ver se poderíamos abrir. Agora, a expectativa é que esse vírus dê uma acalmada, que venha a vacina para todo mundo e que a gente siga podendo trabalhar. A gente não tem como ficar em casa”, desabafa.

Marido e mulher dizem aguardar algumas negociações referentes ao aluguel e, também, à escola dos filhos. O último ano dos dois empresários tem sido igual ao de outros tantos comerciantes da capital. “O período que tivemos para trabalhar mal paga as contas. E outra, mesmo abertos, tem cliente que já não nos visita desde o ano passado, quando a pandemia começou. Ainda há bastante gente com receio de pegar a doença”, revela.

Quase na mesma realidade vive a empresária Isabel Dering, 54 anos, sócia de uma loja de calçados junto com as irmãs. O comércio também fica nas proximidades do Nossa Senhora das Graças. Segundo ela, as duas filiais que a loja tinha fecharam. Uma delas por uma crise financeira anterior à pandemia de coronavírus e a outra como consequência da pandemia. “Veio uma crise no fim de 2019. No começo de 2020, reinvestimos e apostamos na retomada, com bastante esperança. Só que veio a pandemia e, junto com ela, um baque. A maioria do comércio está assim. Então, foi difícil passar pela bandeira vermelha. E o drive thru, para nós, pouco fez diferença”, contou.

A esperança continua para Isabel Dering. “Abrimos uma loja on-line, mas sabemos que até se firmar demora. Vamos trabalhando para superar esse momento. Sentimos que tem menos pessoas nas ruas. Mesmo abertos, são poucos clientes entrando. Ficam com receio. Mas temos que seguir, vamos com fé”, diz a empresária.

Bandeira Laranja

A bandeira laranja foi decretada pelo prefeito Rafael Greca (DEM) no sábado. Com as novas medidas, os comércios essenciais seguem suas atividades e os não essenciais passam a funcionar com restrições de horários e dentro dos protocolos de segurança. Curitiba, segundo a prefeitura, teve um alívio do sistema de saúde após 23 dias de lockdown. Ainda assim, todos os cuidados seguem necessários porque a taxa de ocupação de leitos segue acima dos 95% e ainda há gente na fila de espera.