"Cocôvid"

Análise revela alta expressiva na concentração de covid-19 em esgoto de Curitiba

Foto: Giuliano Gomes / Arquivo

Análises feitas em esgoto de Belo Horizonte, Curitiba, Distrito Federal e Rio de Janeiro apontaram que houve um aumento expressivo na concentração de Sars-CoV-2 na rede de esgoto dessas regiões no período entre 23 de maio e 5 de junho de 2021. A investigação foi realizada por um projeto formado por instituições de diversos estados brasileiros.

A equipe de pesquisadores coleta amostras em pontos representativos de cada região, como locais com grande circulação de pessoas, com elevados índices de vulnerabilidade social e de saúde, e também em estações de tratamento de esgotos (ETEs). No laboratório, o RNA viral é extraído do conteúdo e a quantificação do vírus é feita pelos pesquisadores.

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Os dados de Curitiba indicam um aumento expressivo nas concentrações do novo coronavírus em todas as estações de tratamento de esgoto nas últimas três semanas monitoradas. A elevação nas cargas virais atingiu, nas últimas duas semanas estudadas, os valores mais elevados observados em todo o período de monitoramento.

O estudo apresenta as cargas virais por 10 mil habitantes para cada região monitorada, contrastando os resultados com dados locais de saúde, como o número de novos casos confirmados e suspeitos; número de leitos disponíveis para a internação e de leitos ocupados por pacientes com covid-19; e porcentagem da população imunizada. De acordo com a rede, a ideia é auxiliar as autoridades locais na tomada de decisões para o combate à pandemia. “O mapeamento da ocorrência do Sars-CoV-2 no esgoto pode ser uma importante ferramenta para a vigilância epidemiológica”.

O professor Ramiro Gonçalves Etchepare, do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é um dos pesquisadores da Rede e explica que o RNA viral do novo coronavírus é expelido pelos pacientes infectados, especialmente pelas fezes e pela urina. Segundo ele, os relatos técnicos e científicos apontam que os vírus que chegam até os esgotos estão inativos e, portanto, não podem infectar. “Não existe nenhuma evidência científica indicando a infectividade do vírus no esgoto. A rede de esgotamento sanitário é uma aliada para fornecer alertas sobre a detecção e a circulação do vírus”.