Segue valendo

A lei que ninguém obedece: vereadores mantêm regra ultrapassada que proíbe celulares em bancos

Lei segue valendo em Curitiba. Foto: Ivonaldo Alexandre

O uso do aparelho celular nas agências bancárias de Curitiba segue proibido. Nessa segunda-feira (27), em votação na Câmara Municipal, o projeto que liberaria o uso e o porte do celular foi derrubado por 19 votos contrários de vereadores. A lei municipal que proíbe o uso de celulares em agências bancárias foi instituída em 2010.

Na época, a lei foi criada para reduzir os casos do crime conhecido como “saidinha do banco”, quando os criminosos que estavam dentro das agências se comunicavam com os que estivessem do lado de fora. Eles observavam clientes que fizessem saques de grandes quantias de dinheiro, como aposentadorias, pensões e seguros.

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Com o tempo, na prática essa lei não foi adiante. As pessoas entram com o aparelho celular e mexem normalmente dentro das agências. A partir dessa observação, a vereadora Amália Tortato (Novo), foi autora do projeto de modificação da lei aprovada há 13 anos.

Em primeira votação realizada no dia 20 de março, a proposta foi aprovada em primeiro turno pelo placar de 14 “sim” e 13 “não”, além de 6 abstenções. Na segunda sessão que ocorreu no dia 22, não houve votação, ou seja, a decisão ficou para esta segunda-feira quando os contrários a mudança da lei venceram a votação por 19 a 12, e com quatro abstenções.

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“É frustrante. Isso mostra um descolamento da realidade, fazendo de conta que a lei está sendo cumprida. As pessoas entram com o celular e utilizam no atendimento ou mesmo no tempo de espera. Quando a Câmara decide com a maioria dos vereadores fechar os olhos para a realidade, mostra que a Câmara está desconectada com o que ocorre com o cidadão”, disse Amália Tortato.

Pressão de Sindicatos

Segundo a autora do projeto, a pressão por parte do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região foi decisiva para não ter a mudança da lei, algo que iria privilegiar a própria classe. “Houve uma pressão grande por parte do sindicato, e isso influenciou na decisão. Essa discussão não reduz a função do vigilante, vai muito além do que ficar vigiando se a pessoa está com celular. Se tirasse essa função, o vigilante cuidaria especificamente de pessoas suspeitas dentro da agência. Os vereadores compraram essa versão, infelizmente”, reforçou Amália Tortato.

O outro lado: “Vitória da Vida”

Para Noêmia Rocha (MDB), uma das vereadoras que votou contrário ao uso e porte do aparelho celular nas agências bancárias, quando se evita um assalto ou mesmo uma morte é válido manter a lei.

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“Tirar isso daria benefício a população? Não, pois inibe problemas. A pessoa que não consegue ficar um tempo sem o celular, precisa se tratar. Quem vai se responsabilizar pela morte ou de alguém que perde todo o salário? Se alguém fere a lei, ela precisa ser responsabilizada. Os bancários e os próprios vigilantes querem a manutenção. Eles estão no dia a dia, batalhamos e não represento sindicatos. Eu represento meu mandato como legisladora. Parece que alguns vereadores vivem numa redoma, temos que fazer tudo para evitar a violência. ”, explicou Noêmia Rocha.

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