O estado do Rio de Janeiro anuncia para logo a implantação de um sistema de aluguel de bicicletas. A intenção é diminuir o trânsito, e por tabela a poluição atmosférica, além de criar uma nova cultura de mobilidade na ?Cidade Maravilhosa? apesar da primeira cidade a ser beneficiada pelo projeto ser Niterói.
A receita seria a utilizada em Paris, cidade em que o sistema é muito bem-sucedido e onde se encontrava ontem o governador fluminense Sérgio Cabral. As bicicletas ficam em ?pontos?, presas por correntes que só são liberadas quando o usuário passa um cartão magnético. Ele pode usar o veículo até outro ponto, onde ele a deixaria. Quem adquire o cartão de aluguel mensal paga 29 euros, o equivalente a quase 75 reais.
A idéia é interessantíssima. Na França (e em outros países, com as devidas adaptações), o uso de bicicletas reduziu o número de carros nas ruas, e ainda permitiu que a saúde dos cidadãos fosse beneficiada. Só que lá a população entrou no espírito do projeto e aderiu tanto alugando quanto cuidando dos locais onde as bicicletas ficam.
Como seria no Brasil, no Rio de Janeiro (a cidade que reflete tudo que temos de bom e ruim em graus elevados)? Será que nós, brasileiros, conseguiremos valorizar um projeto deste nível, que precisa muito da boa vontade da sociedade para prosperar?
Acima da questão trânsito, que seria beneficiado, há a questão moral. No país da ?Lei de Gérson? (o negócio é levar vantagem em tudo, certo?), temos a capacidade de deixar milhares de bicicletas nas ruas, sem que elas sejam roubadas ou destruídas por vândalos, aqueles que não pensam na importância do patrimônio público?
Colocar bicicletas para serem alugadas a preços convidativos é uma iniciativa que pode dar certo. Cidades como Curitiba, Londrina e Maringá são locais quase ideais para tal projeto, pois permitem que as bicicletas sejam usadas em caminhos exclusivos. O poder público local poderia pensar com carinho nesta hipótese.
Se funcionar no Rio, ou em Niterói, ou em qualquer cidade, será um sinal de amadurecimento e de educação de todos nós.