Comida na mesa

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) viu-se na contingência de reduzir em 0,6% a última estimativa da safra de grãos correspondente ao ano agrícola de 2008/09. A revisão para menos não impedirá que a temporada atual torne realidade a safra recorde de 142,4 milhões de toneladas, com um incremento de 8,1% sobre o montante final da colheita do ano passado (131,8 milhões de toneladas). Uma prova irrefutável de que a agricultura nacional atingiu estágio de desenvolvimento tecnológico digno dos países avançados e, que a realidade vivida pelo agronegócio estimulado pelos altos preços de commodities e o crescimento da demanda mundial induzem o produtor a contornar quaisquer desafios.

Na primeira semana de junho, a previsão liberada pela Conab indicava a colheita de 143,3 milhões de toneladas de grãos, estimativa que sofreu um leve encolhimento após os levantamentos de campo realizados entre os dias 16 e 20 do mês passado. Em agosto e setembro a entidade vinculada ao Ministério da Agricultura e Abastecimento pretende dar a conhecimento público a atualização das estimativas anteriores, portanto, passíveis de novas reduções caso as lavouras venham a sofrer frustrações acarretadas pela influência negativa de fatores de ordem climatológica.

O exemplo imediato foi a pequena frustração já observada na safra de milho de inverno plantada no Paraná. A chamada ?safrinha? acusou os efeitos das geadas nas áreas agrícolas localizadas na região sul do Estado, da mesma forma que ocorreram prejuízos causados pela falta de chuvas nas lavouras de milho e soja em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde o risco de instabilidade climática nessa época do ano é mais freqüente. O alerta foi feito por Silvio Porto, gerente de Logística e Gestão Empresarial da Conab que, entretanto, acrescentou a compensação de 100 mil toneladas acima da projeção inicial para a safra gaúcha de arroz.

Diante do cenário atual, não haverá problemas para suprir o abastecimento interno de alimentos básicos, tendo em vista a produção de grãos a ser colhida até setembro. Os itens que mais preocupam o governo são exatamente feijão e arroz, componentes obrigatórios da dieta alimentar da maioria dos brasileiros. Por esse motivo, as contingências que cercam a produção dos respectivos grãos sempre constituem elementos para forçar a especulação e a alta de preços. O governo dispõe de estoques suficientes de arroz e seus leilões periódicos contribuem para a estabilização dos preços internos, mesmo com a contaminação das cotações praticadas no mercado exterior. Segundo a Conab, as três safras anuais de feijão devem render cerca de 3,415 milhões de toneladas para o consumo de 3,450 milhões de toneladas.

O presidente do órgão governamental, Wagner Rossi, advertiu que o estoque de arroz e a estimativa da produção de feijão são suficientes para abastecer o mercado, aproveitando para apelar aos consumidores: ?Não devemos ajudar os especuladores. Não comprem além do necessário?. Outra boa notícia foi transmitida pelo secretário-executivo do Ministério da Agricultura e Abastecimento, Silas Brasileiro, para quem as medidas de apoio à produção anunciadas na semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, dentre elas a correção dos preços mínimos, farão com que os preços do feijão parem brevemente de subir nos supermercados. Ao contrário, procurou tranqüilizar os consumidores ao assegurar que ?os preços vão cair?. Sem a pretensão de suscitar dúvidas sobre a afirmação do agente federal, recomenda-se que suas palavras sejam devidamente registradas para possível conferência dentro de poucos meses.

Comida farta a preços condizentes com a realidade econômica da maioria das famílias tem sido uma conquista social ascendente no País. Seria lastimável perdê-la mais uma vez. 

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