CNI prevê recuo nas vendas da indústria no segundo trimestre

O avanço nas vendas reais da indústria verificado no primeiro trimestre deste ano pode sofrer uma reversão no segundo trimestre, em função da valorização intensa do real no mês de abril. "Não sei se este crescimento do primeiro trimestre vai-se manter nos outros meses, principalmente em abril", disse o economista Paulo Mol, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), lembrando que as vendas reais são apuradas em função do faturamento das empresas.

O economista disse que, embora possa não haver uma redução das vendas físicas, as empresas exportadoras, com a conversão de dólar para real, podem ter a renda afetada. "Existe uma valorização forte (do real) que pode afetar as vendas.

Em março, comentou Mol, o câmbio médio foi de R$ 2,09 por dólar e, em abril, caiu para R$ 2,03. Ele destacou que o crescimento das vendas reais da indústria tem sido sustentado por cinco setores, que explicam 90% da expansão: alimentos e bebidas, máquinas e equipamentos, produtos químicos, refino de petróleo e álcool e metalurgia básica.

O economista disse que alguns desses setores, como, por exemplo, os de álcool e de metalurgia básica, têm uma grande parte de sua produção exportada. "O crescimento desses setores está atrelado ao aumento das exportações. Então, a valorização do real não é neutra no faturamento das empresas. Pode até não reverter o quadro atual, mas, com certeza, vai amortecer o crescimento desses setores", previu.

Emprego

Em relação ao emprego industrial, Paulo Mal avaliou que há um crescimento, nos últimos meses, e não há sinais de arrefecimento. Ele destaca, no entanto, que, assim como acontece nas vendas, o aumento das contratações está concentrado em alguns setores.

A principal contribuição é do setor de alimentos e bebidas, seguidos por produtos de metal e refino de petróleo e álcool, mas quatro setores demitiram no primeiro trimestre deste ano: madeira, têxteis, vestuário e material eletrônico de comunicação. "Não é verdade que a indústria como um todo esteja contratando", disse Mol.

Ele ressaltou, porém, que o aumento da demanda pelos subprodutos da cana-de-açúcar (açúcar e álcool) tem feito com esses setores tenham contratado mais. Os números da CNI incluem a contratação de terceirizados e mão-de-obra informal. Mol afirma, também, que não há como desagregar dos dados o que é contratação nas usinas e o que pode ser o trabalho no corte da cana.

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