Chapa preferencial

O presidente Lula continua a trabalhar pela aliança entre o PT e o PMDB, a quem reserva a vice-presidência. O regozijo seria maior, além de ajuntar preciosas brasas em torno da possibilidade de resolver no primeiro turno, se o candidato fosse o ministro Nelson Jobim, presidente do STF, que se aposenta no final do mês.

Lula diz, no entanto, que não pretende interferir na questão interna de um partido que tem prévias marcadas para o dia 19 próximo, quando, entre Germano Rigotto e Anthony Garotinho, um deverá ser indicado candidato à Presidência da República.

Na mídia política lemos todos os dias que a ala governista do PMDB (Calheiros, Sarney, Suassuna e Jader Barbalho) está empolgada pela idéia de melar a realização das prévias ou, na impossibilidade, evitar que o resultado se efetive com a legitimação da chapa própria.

A especulação dá conta que uma bateria de recursos jurídicos será desfechada por seções estaduais do partido, a fim de retardar o processo legal e se encaminhar para a aliança com o PT.

Na eleição de 2002, o PMDB caiu nos braços do tucanato integrando a chapa de José Serra com a deputada federal Rita Camata (ES), como candidata a vice-presidente. Os principais comandantes apostavam na vitória de Serra e se deliciavam com a expectativa da chegada ao poder. É mais ou menos a posição atual, embora a disposição aberta de desembarque na chapa de Lula seja bandeira isolada dos governistas.

As hipóteses, portanto, são meridianas. Ou o partido se divide como nas últimas eleições, pois houve muitos peemedebistas importantes que não apoiaram as candidaturas de Ulysses, Quércia e José Serra, ou se conforma e marcha ao lado de Lula e Jobim, a chapa dos sonhos do Palácio do Planalto.

Ninguém se arrisca a fazer prognóstico quanto à forma de acomodar nesse imbróglio o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, um crente ortodoxo do programa partidário. Garotinho, que veio depois, é mais fácil de digerir.

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