Chanceler argentino rebate críticas a ato anti-Bush

O chanceler argentino Jorge Taiana rejeitou ontem as críticas feitas pelo governo dos Estados Unidos sobre a recente realização do comício que o presidente venezuelano Hugo Chávez fez contra o presidente George W. Bush em Buenos Aires. Taiana, em visita a Quito, no Equador, sustentou que as críticas americanas eram "inaceitáveis". Horas antes, o terceiro homem na hierarquia do Departamento de Estado dos EUA, Nicholas Burns, havia declarado que não considerava que o comício do venezuelano havia sido "correto".

Há poucos dias, Chávez realizou um comício que reuniu 30 mil argentinos no estádio de Ferrocarril Oeste, na capital, para protestar contra a presença de Bush no mesmo dia do outro lado do Rio da Prata, na cidade uruguaia de Colonia. Na ocasião, o governo argentino, embora tenha recebido Chávez, não enviou representantes oficiais ao comício.

Taiana criticou Burns. "Desde o ponto de vista político e diplomático, é surpreendente e inaceitável que se critique e qualifique de incorreto a realização de um ato popular". Segundo o chanceler argentino, o comício "foi um ato de liberdade de expressão em um país democrático".

Nos últimos anos, o governo Kirchner aplicou uma estratégia de equilíbrio entre o apoio a Chávez e as relações com o governo dos EUA. No ano passado, Kirchner reuniu-se com o presidente venezuelano e, juntos, criticaram o establishment internacional e os organismos financeiros. Poucas semanas depois, Kirchner estava sorridente em Nova York, onde bateu o sino da abertura do pregão da Bolsa em Wall Street (foi o primeiro presidente argentino a protagonizar esse evento).

A posição pragmática de Kirchner pode ser ilustrada por um diálogo que teve em seu primeiro encontro com Bush, anos atrás. Na ocasião, na Casa Branca, o presidente americano perguntou a Kirchner se era de esquerda. O argentino respondeu rindo: "Não se preocupe, eu sou peronista.

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