Caem emprego e salário na indústria

Rio – O mercado de trabalho industrial piorou em outubro, com queda no número de trabalhadores e na folha de pagamento real do setor. Para Isabella Nunes, economista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria chega ao quarto trimestre confirmando 2005 como um ano "em que o emprego não se moveu". Segundo ela, os resultados de outubro refletiram o baixo nível de atividade econômica e a valorização do real, que afeta os segmentos industriais mais empregadores, como tecidos e têxteis.

Houve queda de 0,1% no pessoal ocupado ante setembro e recuo de 0,2% ante outubro do ano passado. A folha de pagamento real registrou redução de 1,6% ante setembro, mas manteve o crescimento (2,5%) ante igual mês de 2004. Isabella explica que setores como calçados e têxteis sofrem com o câmbio tanto na queda das exportações quanto no aumento das importações, que acirra a concorrência com produtos estrangeiros no mercado interno.

Os técnicos do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) divulgaram documento sobre a pesquisa e compartilham a avaliação da economista do IBGE. Para o Iedi, o cenário do emprego industrial "é de estagnação na margem, muito embora, como fruto do dinamismo herdado de 2004, o ano deva fechar com uma variação do emprego na indústria próxima a 1,5%, enquanto em 2004 esse aumento chegou a 1,8%".

Segundo o IBGE, o número de ocupados cresceu 1,5% no acumulado de janeiro a outubro. Para o Iedi, a "parada" na margem do emprego industrial "decorre da desaceleração que a produção industrial em média vem sofrendo, especialmente no segundo semestre. Decorre ainda de graves distorções setoriais que vêm ocorrendo na indústria em função, principalmente, da excessiva valorização do real. Em setores como calçados e couro, madeira, vestuário, borracha e plástico e têxtil, o emprego industrial vem declinando com grande intensidade, que em alguns casos já chega a ser dramática, como em calçados".

As contribuições negativas mais significativas para o emprego industrial em outubro ante igual mês do ano passado foram dadas pelos segmentos de calçados e artigos de couro (-14 1%) e madeira (-14,4%). O IBGE não abre setorialmente os dados ante mês anterior. No acumulado do ano, calçados e couro (-11 4%), madeira (-7,6%) e vestuário (-3,4%) foram os principais destaques negativos.

Para Isabella, uma reação no mercado de trabalho será possível quando houver uma recomposição mais forte de estoques e na massa salarial, que impulsione segmentos de bens de consumo semi e não duráveis (alimentos voltados para o mercado interno, calçados e têxteis), que dependem da renda dos trabalhadores.

No caso da folha de pagamento, ela observa que a queda em outubro ante setembro foi resultado do repique da inflação (IPCA de 0,75% no mês) e não anula os ganhos que vêm sendo observados na folha ao longo do ano, resultado especialmente da queda nos índices de inflação em relação ao ano passado.

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