Brasileiro acredita em Lula, mas está preocupado

?Viva o povo brasileiro!? Com essa frase o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrava seu discurso de 42 minutos em Brasília. Na capital paulista, representantes do povo acompanhavam atentos à transmissão de posse e se mostravam dispostos a colaborar com o novo governo e seus desafios: combater a fome e o desemprego, fazer as reformas e investir na educação.

?Do que Lula falou, tudo é viável em início de governo. Depende da gente, do povo brasileiro?, observou o engenheiro agrônomo José Francisco de Almeida Neto, 49 anos. Para o estudante de Filosofia da Unesp Renato Botão, 30 anos, a questão da fome só será resolvida por meio do aumento da produção de alimentos no País, mas fez uma ressalva, em referência à reforma agrária: ?Aí não vai ser fácil, porque muitos latifundiários financiaram a campanha de Lula?, assinalou Renato Botão.

José de Almeida Neto considerou que, mesmo assim, o aumento da produção de grãos via cultivo de transgênicos não deverá ser uma saída, já que não há pesquisas suficientes sobre os impactos ambiental e sobre a saúde humana das sementes geneticamente modificadas.

A bancária Cláudia Cristina Telles também está preocupada com a fome. ?É o ponto que tem de ser atacado logo no primeiro ano do governo. É deprimente a desigualdade que existe neste País?, disse. Ela analisa que o governo enfrentará negociações e acordos difíceis, mas acredita nas mudanças. Já o vendedor ambulante de botons e fornecedor de produtos para camelôs Ricardo Moreno, acredita que o governo deverá radicalizar, em um primeiro momento, para depois priorizar. ?São necessárias reformas profundas políticas, previdenciárias e,principalmente, judiciárias?, sugeriu. O único receio de Moreno, apesar de ser eleitor de Lula, é que o presidente venha a se transformar na ?rainha Martaxa? – em referência à prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.

O vendedor ambulante critica a prefeita que, segundo ele  ?está ficando cada vez mais longe do povo e legislando nos moldes de Maluf e Pitta?. ?Aumentar tributos para ter arrecadação não é uma política viável?, exemplificou.

Para o mecânico Paulo Sérgio, funcionário do Centro de Tecnologia da Marinha em São Paulo (CTNSP), a principal preocupação é se o presidente irá, de fato, investir no setor de tecnologia. ?Em reunião com os técnicos do CTNSP, ele prometeu que dará prioridade a esta área e eu acredito nisso porque desde o início de sua campanha ele está dando continuidade a tudo o que tem prometido e não mudou o discurso?, afirmou funcionário público, que acompanhou com atenção o discurso do presidente do começo ao fim.

O mecânico ressaltou que a seca no Nordeste e a fome são outros pontos que têm que ser atacados de imediato.

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