Tyson: visita conturbada ao Brasil

Mike Tyson parece ser movido a problemas. Após dois dias em São Paulo, o ex-campeão mundial dos pesos pesados só foi relaxar na madrugada desta quinta-feira, na sala de espera do 27º Distrito Policial no Ibirapuera, para onde foi levado após agredir o cinegrafista Carlos Mello, do SBT, em uma casa noturna, na zonal sul da cidade.

Riso irônico, contando piadas, fumando descontraidamente e animado a ponto de cantar uma policial, Tyson esbanjou tranqüilidade ao prestar esclarecimentos por causa da agressão. Após três horas, o ex-pugilista foi solto e acusado de lesão corporal, dano e exercício arbitrário das próprias razões.

Como são crimes de menor poder ofensivo, cuja pena máxima não ultrapassa dois anos, Tyson não foi nem mesmo preso. A polícia fez apenas um termo circunstanciado, que será encaminhado à Justiça. Caso o ex-pugilista assuma a culpa, não responderá nem mesmo a processo criminal e deverá apenas pagar uma multa ou doação para entidade assistencial.

Tyson deve ser ouvido nesta sexta-feira no Juizado Especial Criminal (Jecrim), no Forum da Barra Funda, pelo promotor Flávio Farinazzo Lorza.

Toda a confusão ocorreu por volta das 2h45 desta quinta-feira. Tyson concedera entrevista na porta do Hotel Crowne Plaza, onde está hospedado desde terça-feira à noite. "Vou falar por cinco minutos e depois vocês (jornalistas) me deixam em paz", pediu.

Nos sete minutos que conversou com a imprensa, Tyson falou do encontro com Maradona, segunda-feira, em Buenos Aires. "É um grande cara, mas me surpreendi por ser muito conservador. O considerava mais selvagem", declarou o ex-pugilista. Na comparação com Pelé, o norte-americano foi a favor do brasileiro. "Foi o melhor do século 20."

O campeão mais jovem da história entre os pesos pesados ? tinha 20 anos, em 1986, quando nocauteou Trevor Berbick, no segundo assalto ? não gosta nem mais ouvir falar de boxe. Foi taxativo ao ser perguntado sobre o que achava de Evander Holyfield, aos 43 anos, ainda continuar em ação. "Não me pergunte mais de boxe. Sou um ex-pugilista. Não gosto mais de tocar neste assunto."

Após falar com os jornalistas, Tyson entrou em um Palio de um amigo e seguiu para uma casa noturna. Uma funcionária da casa avisou que o ex-pugilista estava sendo filmado. Ele se irritou, partiu para cima do cinegrafista Carlos Mello, do SBT, arrancou a câmera, a jogou no chão. Retirou a fita e a destruiu com uma das mãos.

Com o incidente, resolveu ir para uma outra casa noturna no centro da cidade. Após uma hora no local, foi surpreendido pela polícia. O cinegrafista havia feito um boletim de ocorrência no 27º Distrito Policial. E Tyson foi convidado pelos policiais para prestar esclarecimento.

Segundo o segundo-tenente Alexandre Gonçalves Carneiro, Tyson atendeu de imediato. Saiu por uma porta lateral, sem estar algemado, e quando se dirigia ao carro de Oscar Maroni, dono da casa noturna onde ocorreu a agressão, chegou a receber um tapa na cabeça. "Pedala Tyson", gritou uma das cerca de 250 pessoas que estavam no local.

Visivelmente irritado, Tyson primeiro foi levado ao 3º Distrito Policial no centro. No caminho do carro até a sala de espera, um policial tentou levá-lo pelo braço, mas o norte-americano reagiu e não deixou. Outro policial, com uma câmera de vídeo, registrava o momento histórico.

Após cinco minutos, Tyson seguiu para o 27º DP, no Ibirapuera, onde foi registrado o caso. Desta vez, ele saiu rapidamente do carro e entrou antes mesmo dos guardas. Aos poucos, foi se soltando e até chegou a mandar beijos para duas moças que o acompanhavam desde a casa noturna, juntamente com seu amigo Darryl Francis.

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