Sindicato nega que controladores de vôo estejam fazendo operação-padrão

Brasília – O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Vôo (SNTPV), Jorge Botelho, negou nesta quinta-feira (21) que os controladores de vôo são os responsáveis pelos atrasos e cancelamentos que voltaram a atingir os aeroportos brasileiros nos últimos três dias. Em entrevista à Agência Brasil, ele evitou empregar o termo operação-padrão para classificar a prática dos profissionais de, segundo ele, atuar com rigor e "tomar todas as precauções de segurança previstas nas normas que regulamentam a atividade".

?Não é questão de operação-padrão. O que os controladores estão fazendo é trabalhar dentro do nível de segurança que determina o regulamento. Não há como prestar serviço de controle de radar se não há radar, nem como controlar um avião se o rádio não está funcionando. Então, eles estão fazendo as operações de acordo com os meios de que dispõem?.

Botelho explicou que caso haja equipamentos de controle e segurança de vôo que considerem não estar em perfeitas condições de uso, os controladores podem exigir um espaçamento maior entre as aeronaves. Para ele, a chamada operação convencional, uma medida preventiva, representa um retrocesso para o setor aéreo brasileiro.

?A partir do momento em que o radar não está funcionando é preciso voltar a atuar como antes do surgimento dos radares. Em determinadas situações, mesmo com o radar funcionando, se há um acúmulo de tráfego aéreo muito grande, é preciso adotar algumas medidas restritivas, como o controle de fluxo?, defendeu o presidente do sindicato.

Botelho negou que os procedimentos dos controladores tenham qualquer relação com os problemas registrados nos últimos dias. Segundo ele, a linha de investigação adotada pela Polícia Federal no inquérito sobre o acidente com o Boeing da Gol, em setembro de 2006, demonstrou que os controladores têm de seguir rigorosamente o regulamento. ?Se existe a possibilidade de alguém ser incriminado por não ter seguido estritamente a regra, então é lógico que eles vão seguir. Se o regulamento estabelece que quando os equipamentos e os meios oferecidos não são suficientes para que eu faça um controle seguro, então eu não vou fazer, porque a partir do momento que ocorrer um acidente, a responsabilidade é minha?.

Botelho também disse que a decisão do Comando da Aeronáutica de decretar a prisão administrativa do sargento Carlos Henrique Trifilio, presidente da Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta), deixou o ambiente ainda mais tenso. ?Tenho a informação de que os controladores militares estão muito bravos. O sargento saiu em defesa da categoria. Então, quando o comando o ataca, está atacando todo mundo?.

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