Secretário admite: a polícia tortura

Rio – O secretário de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro, Astério Pereira dos Santos, admitiu ontem que a polícia do Estado se vale da tortura como método de investigação. No dia anterior, o secretário de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, também reconheceu que a tortura ainda é utilizada. “(Sobre) as manifestações do secretário Garotinho de que ainda existe no Brasil todo a prática de tortura pela polícia, e logicamente estamos incluídos nisso, eu penso da mesma forma. Não tenho nada a acrescentar”, disse Pereira dos Santos a jornalistas.

No domingo, Garotinho havia falado sobre o uso de violência durante investigações policiais. “Quem pode negar que a polícia brasileira pratica tortura? Eu seria um hipócrita. (Ela) pratica tortura”, afirmou o secretário de Segurança Pública depois de participar de um culto religioso no bairro de Laranjeiras, zona sul do Rio. Apesar de reconhecer os procedimentos da polícia, Pereira dos Santos ressaltou que o governo do Estado está se empenhando para abolir a prática.

“Nós saímos da ditadura há pouco tempo e estamos tentando acabar com essa prática. É um crime hediondo. Só louco ou um elemento sem formação pode fazer uma coisa dessas. Quem não tem formação não pode trabalhar conosco”, disse o secretário da Administração Penitenciária.

Pereira dos Santos reuniu-se na manhã de ontem com a cúpula da Segurança Pública do Rio de Janeiro para discutir a questão, suscitada pela morte do chinês Chan Kim Chang, possivelmente ocorrida por tortura no presídio Ary Franco, no subúrbio do Rio. O comerciante de 46 anos morreu quinta-feira no hospital Salgado Filho.

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