Reforma ministerial será modesta

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará uma reforma ministerial mais modesta do que gostaria para evitar a paralisia do governo. Em conversas reservadas, nos últimos dias, Lula avaliou que a relação custo-benefício de uma mudança ampla na equipe não seria satisfatória, no atual cenário, porque a temperatura da crise política permanece alta.

?Temos de trocar a roda com o carro andando, mas sem correr riscos?, afirmou o presidente durante reunião com 16 ministros, há quatro dias. Em seguida, ele recomendou cautela. ?Não fiquem agindo como se houvesse um problema dentro do governo. A situação é grave, porque neste momento estamos sob ataque, mas vamos trabalhar e tocar a vida para a frente.?

Para dar mais eficiência administrativa ao governo, Lula pretende juntar projetos de infra-estrutura – atualmente espalhados em várias pastas – no Ministério do Planejamento, hoje comandado por Paulo Bernardo. De qualquer forma, ainda não bateu o martelo sobre o assunto. A idéia do presidente é concentrar tarefas.

Além disso, ele não deve mais extinguir secretarias como a da Mulher e a da Igualdade Racial. ?Para quê? O custo delas é muito pequeno e enfrentaríamos um desgaste muito grande com os movimentos sociais nessa hora de crise?, admitiu um interlocutor de Lula. A revisão da rota traçada anteriormente reforça a premissa inicial: num cenário de turbulência, quanto menos confronto, melhor.

Idealizado pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para ser o ?núcleo duro? da gestão, o grupo de conselheiros do governo também acabou esvaziado ao longo de dois anos e meio de mandato e deve ser ?repaginado? porque virou terreno fértil para o fogo amigo, numa queda-de-braço entre desenvolvimentistas e monetaristas. Sem Dirceu e com a planejada extinção da Coordenação Política – comandada por Aldo Rebelo -, o futuro do núcleo que foi sem nunca ter sido estratégico é incerto.

Se todos os problemas fossem esses, já seriam muitos. Mas como juntar os cacos da base de sustentação do governo? O presidente vive um dilema: quer fortalecer o poder do PMDB na Esplanada, mas não pode chutar para escanteio o PTB, o PP e o PL – as ?más companhias? mencionadas pelo ministro Olívio Dutra. 

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