Presidente da Câmara desmente CPMI e nega mensalão

Um dia depois de a CPMI dos Correios confirmar que houve o esquema de mensalão, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), disse que não acredita que houve pagamento a deputados em troca do apoio a projetos de interesse do governo. ?Não houve pagamento para votações. Esta convicção tenho até hoje?, afirmou. ?Acredito que houve transferência de recursos para partidos a fim de saldar compromissos de campanha?, completou, assumindo a mesma posição dos partidários do PT que integram a CPMI.

Brasília (AE) – Na avaliação de Aldo, a tese do ex-deputado Roberto Jefferson, de que houve pagamento durante a votação dos projetos, não se sustenta. ?Fui líder do governo durante um ano. O Congresso aprovou matérias polêmicas e difíceis, como as reformas da previdência e tributária. E todo mundo sabe que essas matérias só foram aprovadas com o apoio da oposição, não pela base do governo?, enfatizou. ?A não ser que tenham pago para a votação de matérias fáceis?, acrescentou, praticamente afastando essa hipótese.

Aldo prefere, portanto, acreditar na tese dos dirigentes dos partidos envolvidos no escândalo do mensalão: o dinheiro serviu para saldar dívidas eleitorais e saldos das campanhas. ?Acredito nessa versão?, concluiu.

O presidente da Câmara não escondeu sua contrariedade com a decisão do Conselho de Ética que, apesar de convocado para trabalhar agora, só vai se reunir a partir do dia 9 de janeiro. ?Eu discordo da suspensão dos trabalhos, mas o Conselho de Ética é um orgão autônomo. Nunca interferi no conselho, procurei pautar minha relação respeitando essa autonomia e não seria agora que eu faria uma intervenção?, disse.

O deputado afirmou ser necessário aguardar o final da convocação para ver os resultados e, ao mesmo tempo, deu um voto de confiança aos integrantes do conselho. ?Acredito que os integrantes do conselho, quando retornarem terão todas as condições de promover audiências e o julgamento de alguns processos durante esse período. Eles fizeram grande esforço em 2005. Os processos estão adiantados e os relatório estão na fase final de acabamento. É necessário, por um ato de justiça, fazer essas considerações.?

Mesmo que quisesse interferir no conselho, como cobrou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Aldo não poderia. Ele explicou que o regimento impede eventuais punições e corte de salários agora. Como os integrantes têm mandato e autonomia, podem fazer seu próprio calendário.

Aldo está determinado a aprovar a emenda constitucional, durante a convocação, para reduzir o recesso parlamentar que hoje dura três meses, bem como o pagamento de salário extra aos parlamentares nesse período. Além disso, garantiu que votará também a lei do Fundeb, que amplia oferta de matrículas nas escolas públicas, e a legislação geral das micro e pequenas empresas.

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