PFL vê ameaça de calote no ar

Brasília – O PFL divulgou documento ontem em que alerta para o risco de o Estado brasileiro ser obrigado a dar um calote na dívida interna. Em documento divulgado após seminário que marcou a conclusão das discussões do novo programa do partido e a preparação para as eleições presidenciais de 2006, o PFL diz que o Estado é grande demais e é um entrave ao desenvolvimento.

A receita proposta pelos pefelistas é "crescimento econômico vigoroso, redução de impostos e corte expressivo da despesa pública", para chegar ao lema "Menos impostos e mais empregos". "Sem redução do tamanho do Estado e sem maior abertura aos fluxos de comércio externo, o Brasil estará condenado a crescer em ritmo insuficiente para reduzir significativamente o desemprego e melhorar o padrão de vida da população", diz o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).

Os estudos do PFL reservam críticas duras aos gastos e aos programas sociais do governo Lula, especialmente o Bolsa Família. O economista Raul Veloso considerou que, sem contrapartidas e sem prazo definido, o programa é inviável. O economista Cláudio Adilson, presidente da MCM Consultores, contratada pelo partido para fazer o estudo, vai mais longe e diz que o País pode dar o calote na dívida interna se não diminuir o tamanho do Estado. "Se o Brasil não diminuir o tamanho do Estado, vai a default (calote)", previu o economista.

Fora do poder desde a posse do governo Lula, o PFL diz que o desafio do partido é superar o modelo social-democrata do PSDB, atualmente gerido pelo PT. Para o PFL, essa estrutura limitou o crescimento com uma carga tributária alta e interrompeu o processo de abertura da economia. No seminário, um time de especialistas apresentou propostas para a área econômica que serão analisadas e aproveitadas no programa do partido. Na área comercial, avaliada pelo PT como um dos trunfos do governo, o PFL prega prioridade para as negociações com mercados de grande escala, como a União Européia e a Alca.

Discurso

O corte de gastos públicos -ou a melhoria da qualidade das despesas, como prefere os pefelistas – foi considerado um bom discurso eleitoral pelo líder da bancada do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), ao final do seminário. A tese sobre a necessidade dessa medida foi detalhada pelo economista Raul Velloso.

Na avaliação de Velloso, o governo beneficiou-se com "três fogueiras" enfrentadas pela gestão anterior – o controle da inflação, o regime de câmbio flutuante e a restrição fiscal. Mas já não pode mais contar com a geração de superávits primários gigantescos nas contas públicas porque alcançou o limite da expansão da receita. Qualquer aumento de despesa significaria redução dos investimentos, explicou.

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