Oposição exige demissão de Casseb e faz ameaças

Brasília – O líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), cobrou ontem a demissão do presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, e admitiu que a oposição pode obstruir as votações no Congresso em agosto se Casseb não for afastado. Segundo o pefelista, Casseb transformou o banco numa extensão da tesouraria do PT e não tem condições de continuar no cargo. Aleluia disse ainda que Casseb tem que ser convocado também para depor na CPI do Banestado.

“Ele está profundamente enrolado. Ele resolveu transformar o Banco do Brasil num braço da tesouraria do PT. Isso é inconcebível, inaceitável. Entramos com cinco notícias-crime contra ele. O ambiente está muito ruim para o governo. Posso dizer que há possibilidade de obstrução, sim”, disse Aleluia, que acusa o presidente do BB de cometer vários crimes por causa da compra de ingressos para um show da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano com renda para o PT.

O pefelista, no entanto, é mais tolerante com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Segundo ele, todos exigem explicação de Meirel-les, mas no caso de Casseb a oposição acha que ele não tem mais nada a explicar. Aleluia acusou o governo de favorecer o PT e criticou as viagens internacionais do presidente Luiz Inácio da Silva e o perdão da dívida de países como o Gabão, governado há 37 anos por Omar Bongo.

“Já está claro que há um desmando do governo envolvendo o Banco do Brasil e o Banco Central e agora até mesmo o Ministério do Meio Ambiente paga passagens para o (João Pedro) Stédile viajar. A peregrinação de Lula abraçando ditadores ao redor do mundo e perdoando dívidas. É dinheiro do povo brasileiro”, atacou.

O pefelista também acusou a Petrobras de patrocinar o petista Martiniano Martiniano, candidato a prefeito de Valença na Bahia, e prometeu apresentar em plenário camisas do petista com a marca da estatal. “A Petrobras patrocinou o candidato do PT. A Petrobras não é mais do Brasil, é do PT. É a PTbras”, provocou. O líder do Governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse ontem que as denúncias contra os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb, não devem ser “tratadas com açodamento” pela oposição.

Lula mantém Casseb e Meirelles

Brasília – O ministro da Casa Civil, José Dirceu, anunciou ontem à noite que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb, nos respectivos cargos. Os dois são acusados de supostas irregularidades fiscais.

Segundo Dirceu, em encontro com os dois na tarde desta terça-feira, Lula “reiteirou o apoio e a confiança” a Casseb e Meirelles. O anúncio de Dirceu foi determinado por Lula, dispensando a necessidade de pronunciamento do porta-voz da presidência, André Singer.

“O presidente lamenta que acusações infudadas, que beiram ao denuncismo, muitas vezes estimuladas por aqueles que não se conformam com o sucesso do País, coloquem em risco a confiança e a credibilidade que o País alcançou”, disse o ministro. “Não há nenhuma razão para pedir a demissão do presidente do Banco Central e do presidente do Banco do Brasil. A não ser política eleitoral”, afirmou.

Dirceu disse ainda que a reunião foi organizada por Lula, que convocou Casseb, Meirelles e o próprio ministro para discutir o assunto. Pela manhã, Meirelles já havia ido ao Palácio do Planalto se encontrar com Lula e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

O ministro afirmou também que, em nenhum momento, Meirelles e Casseb colocaram os cargos a disposição do presidente. “Quem pode averiguar se as denúncias são verdadeiras ou não são os órgãos competentes”, ressaltou. “Nós sabemos que todos nós somos inocentes até que se prove o contrário”, afirmou. Para ele, “o governo não pode aceitar esta situação”.

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