MST é acusado de cobrar por cestas básicas e alugar pasto

Salvador (AE) – Cobrança para distribuição de terras e cestas básicas, aluguel de pastos a fazendeiros e ameaças de morte. Essas são algumas das denúncias que 95 famílias de sem terra estão fazendo contra a direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no extremo sul da Bahia. As famílias foram expulsas terça-feira do assentamento Céu Azul, do MST, no município de Porto Seguro, e voltaram para o acampamento Lulão, nas margens da rodovia BR-367, próximo a uma fazenda da empresa Veracel Celulose.

Os lavradores expulsos se consideram traídos pelos dirigentes do MST e mesmo diante de ameaças decidiram denunciar os ?desmandos? dos ex-colegas, conforme disse Aristeu de Assis, um dos prejudicados, informando que o mandaram embora e de ?bico calado? para não morrer. Antonio Ferreira acusou os coordenadores de cobrarem pelos lotes e os que não pagassem tinham as terras alugadas a fazendeiros da região para pasto. Outros disseram que só recebiam as cestas básicas doadas pelo governo federal pagando entre R$ 10 e R$ 15. ?Expulsaram a gente como cachorro?, desabafou Vanda Souza.

Valdemar dos Santos, um dos dirigentes do MST de Porto Seguro, disse que as denúncias deveriam ser encaminhadas aos órgãos competentes e que as famílias insatisfeitas devem sair mesmo do assentamento. Em Salvador, o deputado estadual Walmir Assunção (PT), diretor do MST na Bahia, reprovou a expulsão das famílias. ?Esse tipo de problema precisa ser tratado no diálogo e a expulsão foi um erro?, disse, informando que já está negociando com o escritório regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para arrumar outra área para alojar as 95 famílias. ?Como se criou essa animosidade, achamos melhor que esses companheiros não retornem para a Céu Azul?, disse, procurando rebater as denúncias de irregularidades.

Segundo Assunção, a cobrança de taxas pelas cestas básicas existe, mas é uma ?vaquinha? feita entre os agricultores para pagar o transporte das centrais de distribuição em Salvador e da cidade de Irecê até os assentamentos. Disse que terrenos são alugados para pastos enquanto não se constrói nos locais a infra-estrutura dos lotes que serão distribuídos aos sem terra.

Assunção aproveitou também para criticar a depredação do Congresso pelo Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST). ?Mesmo que os companheiros estivessem insatisfeitos com os parlamentares devido às absolvições do mensalão, não tinham o direito de fazer aquilo, ainda mais pelo fato do presidente da Câmara, o deputado Aldo Rebelo, ser um militante histórico do PCdoB?, declarou, achando que foi um episódio ?de momento?, sem planejamento e que acaba prejudicando todos os movimentos que lutam pela reforma agrária. ?Nós precisamos do apoio da sociedade à nossa luta e isso o que ocorreu passa uma imagem ruim para a população.?

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