Mesmo renunciando, cassáveis perdem

Confiantes nos votos de cabresto bancados pelas estruturas partidárias, de sindicatos, da igreja e pela máquina pública em suas bases, os deputados da lista dos cassáveis preparam a renúncia de olho num novo mandato na eleição de 2006.

Brasília – Mas eles podem enfrentar dificuldades maiores do que pensam, especialmente os petistas que, com o escândalo do mensalão, perderam o discurso da ética e de forte teor ideológico. Deputados que antes sonhavam com um cargo majoritário, de governador ou senador, devem renunciar na expectativa de que poderão, pelo menos, ganhar outro mandato na Câmara.

A avaliação dos próprios petistas é a de que parte dos votos dos militantes altamente politizados deve migrar para novos líderes. Nos últimos dias, o deputado Paulo Rocha (PT-PA) tem dito que o eleitorado do Pará entenderia sua renúncia, se vier mesmo a confirmar essa opção segunda-feira. Antes do escândalo, ele montava uma grande estrutura de campanha para disputar o governo do Pará.

Se Rocha renunciar, crescem seus adversários: o ex-governador tucano Almir Gabriel e o deputado Jader Barbalho (PMDB), que também renunciou ao Senado após o escândalo de corrupção na Sudam, e voltou com votação recorde para deputado federal. Rocha tem esperanças, mas nem todos pensam assim. "Ele que vá se acostumando com a idéia de ser vereador. O sonho de governador não existe mais", diz o deputado Wladmir Costa (PMDB-PA).

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) aposta em sua relação sólida com o prefeito de Osasco, Emídio de Souza (PT), a quem ajudou a eleger no ano passado. João Paulo tem exibido pesquisas que o deixam numa situação confortável em sua região, apesar do desgaste. Mas está muito longe da pretensão de disputar o governo do estado. Seus correligionários ressaltam que houve um enorme estremecimento na base eleitoral do deputado. Um novo mandato em 2006, em caso de renúncia, dependerá muito da boa vontade do prefeito.

"Se João Paulo não renunciar, será cassado. E se renunciar, depende de Emídio, que irá pesar o tamanho do desgaste que será carregá-lo na eleição do ano que vem. Se Emídio não quiser carregá-lo, ele está rifado", diz um dirigente petista.

Na mesma situação, José Mentor (PT-SP) confia na força da ex-prefeita Marta Suplicy. Ele foi líder na Câmara de Vereadores e um dos coordenadores da fracassada campanha pela reeleição de Marta. A grande dúvida de muitos no PT é se ela vai assumir o desgaste de sustentá-lo. Dos petistas paulistas, o mais confiante em uma absolvição no plenário é Professor Luizinho. Ele afirma que vai enfrentar o processo até o fim.

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