Governador classifica de ?acinte? Beira-Mar em SC

Brasília (AE) – O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), reagiu ontem com irritação à transferência do traficante Fernandinho Beira-Mar da Superintendência da Polícia Federal em Brasília para Florianópolis. Por meio de sua assessoria, o governador classificou a operação de ?acinte e desrespeito ao governo e ao povo de Santa Catarina?.

Em viagem pelo interior do Estado, Luiz Henrique informou que só soube da chegada de Beira-Mar às instalações da PF na capital catarinense por seus assessores, ontem por volta das 23h30, quando participava da abertura da Oktoberfest, em Blumenau. ?Fomos tomados de surpresa com a notícia. A transferência do criminoso Fernandinho Beira-Mar para o prédio da Polícia Federal em Florianópolis é um acinte, um desrespeito ao governo e ao povo de Santa Catarina?, declarou em nota o governador.

O prédio da PF em Santa Catarina fica em área nobre de Florianópolis, bem ao lado da residência oficial do governador. Na avaliação da PF, o fato de a cidade estar em uma ilha, cujo acesso terrestre pelas pontes pode ser interrompido a qualquer momento, facilita a vigilância do preso. Apesar disso, o governo catarinense ressalta que o prédio da PF só seria eficiente para detenções provisórias ou preventivas e não para prender condenados.

Luiz Henrique declarou que alertou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, sobre esse aspecto em carta enviada há mais de um mês, quando circularam as primeiras notícias de que o traficante poderia ser deslocado para Florianópolis. ?Enviamos carta ao ministro da Justiça protestando contra a medida, considerando que ela era no mínimo equivocada. Salientei à época que o cárcere daquela delegacia foi construído para presos em situação preventiva e não condenados?, destacou o governador. ?Mas o ministro jamais respondeu à carta?, completou. O Ministério da Justiça não se pronunciou sobre a declaração de Silveira.

De acordo com a assessoria, o governador catarinense retornará a Florianópolis hoje, quando pretende discutir detalhadamente a situação com seus secretários. Entre o final de julho e meados de agosto, a sede da PF em Santa Catarina começou a ser reformada para melhorias. Oficialmente, não houve confirmação de que as obras tinham o objetivo de abrigar o traficante. O prédio é relativamente novo, inaugurado em 2000 e está localizado numa das principais vias da cidade: ironicamente a Avenida Beira-Mar.

Polícia desconhece plano para matar criminoso

Rio (AE) – A Polícia Civil do Rio desconhece qualquer plano de quadrilhas rivais para assassinar o traficante Fernandinho Beira-Mar na cadeia. Ele foi transferido no fim da noite de sexta-feira da sede da Polícia Federal de Brasília para a superintendência de Santa Catarina, em Florianópolis, numa operação sigilosa, diante de um suposto plano de rivais para seqüestrá-lo e matá-lo.

O delegado Rodrigo Oliveira, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Civil do Rio, não acredita que rivais de Beira-Mar na capital fluminense estivessem planejando matá-lo em Brasília. O traficante é um dos líderes do Comando Vermelho e tem como rivais no Rio duas facções criminosas: Terceiro Comando (TC) e Amigos dos Amigos (ADA). ?Não tenho conhecimento de que quadrilhas do Rio estariam se organizando para matar Beira-Mar em Brasília e posso garantir que a polícia do Rio também não?, disse o delegado.

Policiais civis do Rio que estiveram recentemente com policias federais contaram que a PF de Santa Catarina já estava se preparando há dias para receber Beira-Mar. O motivo da transferência estaria nas restrições que a presença do traficante estava provocando em relação aos outros presos em Brasília.

Marina Magessi, inspetora da Polícia Civil do Rio ligada à área de inteligência, também disse que suas investigações não identificaram qualquer plano para matar Beira-Mar, mas não afasta totalmente a hipótese. ?Beira-Mar é um traficante internacional. Ele matou toda a família Morel, que dominava o tráfico no Paraguai. Tem inimigos em toda a rede internacional. Podem ser essas as ameaças identificadas pela PF?, avaliou.

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