França dá a partida para Ano do Brasil

A França anunciou com grande pompa, num belíssimo salão do Ministério das Relações Exteriores, o Ano do Brasil na França, quando o país terá, de março a dezembro, uma espécie de plataforma em todos os grandes museus e centros da França para mostrar sua diversidade cultural, econômica, social e turística. O mais prestigiado museu da França, o Louvre, vai homenagear o Brasil em setembro com uma exposição do artista holandês Frans Post, que pintou várias telas em sua viagem ao Nordeste, entre 1637 e 1644. Até um jogo de futebol entre Brasil e França está sendo organizado.

? Há cinco séculos, nenhum francês se mantém insensível ao Brasil ? disse o ministro da Cultura francês, Renaud Donnedieu de Vabres.

O salão estava tão lotado que muita gente ficou de pé. Enquanto o evento não começava, ouvia-se a voz de Gilberto Gil nas caixas de som. Abrindo a sessão de discursos, o ministro das Relações Exteriores da França, Michel Barnier, sentado ao lado do ministro Gilberto Gil, notou isso com entusiasmo:

? Esta é a maior sala do Quai d?Orsay (sede do Ministério das Relações Exteriores). E não cabem todos. É a prova de que o evento é excepcional ? disse o ministro.

Gil: programação mostra Brasil para além dos clichês

Barnier citou um trecho de uma música de Gilberto Gil ? "quantos Brasis é preciso para fazer o Brasil" ? para mostrar como o Ano do Brasil na França vai ser importante para que os franceses descubram o país além dos clichês. Ele citou o antropólogo francês Claude Levi-Strauss, professor na Universidade de São Paulo em 1935, e Sérgio Vieira de Mello, brasileiro e funcionário da ONU morto num atentado em Bagdá, em 2003, antigo aluno do colégio franco-brasileiro no Rio, como exemplos dos laços culturais entre os dois países. O Brasil é o primeiro parceiro da França na América Latina, no campo cultural, disse.

A convite do presidente Jacques Chirac, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai coroar o Ano do Brasil na França participando, ao lado do chefe da nação francês, do desfile de 14 de julho, que marca o fim da monarquia e o início da república francesa. Barnier citou isso, a presença de 500 empresas francesas no Brasil e o apoio do governo Chirac à candidatura do Brasil à cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU para sublinhar como os dois países estão afinados também no plano político. Ele disse que a Europa, "graças à visão política de alguns homens", uniu vários países, sem que nenhum deles renunciasse à sua diversidade. E concluiu:

? Eu diria que este imenso país (o Brasil) é possível.

Gilberto Gil, num discurso curto, em francês impecável, foi direto ao ponto: sob o tema da diversidade (daí o nome oficial do evento ser "Brésil, Brésils"), o Brasil quer mostrar aos franceses a intensidade de sua cultura, "sem filtros". E citou vários brasileiros que fizeram sucesso na França, de Santos Dumont aos escritores Jorge Amado e Paulo Coelho. Os dois comissários do evento ? Jean Gautier, para a França, e André Midani, para o Brasil ? deram algumas pinceladas da programação, que está organizada em três vertentes: Raízes do Brasil, na qual o público francês vai descobrir (ou redescobrir) as origens do país, com exposições como "Brésil indien: les arts des Amérindiens", no Grande Palais; Verdade Tropical, com numerosas manifestações da diversidade cultural brasileira, como carnaval, trio elétrico nas praias da Côte D?Azur, samba e maracatu; e Galáxias, com exemplos da criação contemporânea em áreas como teatro, dança, fotografia, artes plásticas e cinema.

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